Analistas moçambicanos concordam com a exigência do Fundo Monetário Internacional (FMI) para que as autoridades do seu país divulguem a versão completa do relatório da auditoria aos empréstimos contraídos pelas empresas EMATUM, PROINDICUS e MAM.
Outros questionam a parcialidade daquela instituição financeira internacional, que semana passada, o FMI voltou a condicionar a retomada do seu programa de assistência financeira a Moçambique à publicação oficial da versão completa do relatório elaborado pela empresa Kroll.
Outra exigência do FMI é a divulgação das informações em falta relativamente ao destino dado ao dinheiro dos empréstimos.
O analista Francisco Matsinhe defende que isso deve ser feito, porque “o governo moçambicano acordou com o FMI a realização de uma auditoria a todo o processo daqueles empréstimos, no âmbito da transparência governativa".
“Naturalmente que tem que haver culpados, ” diz Matsinhe.
O jurista José Machicane recorda que “é importante que se conheça os contornos e circunstancias em que estas dividas foram contratadas”.
Mas Calton Cadeado, especialista em relações internacionais, julga que “o FMI quando faz este pronunciamento quer parecer que está a dizer ´nós já conhecemos a verdade e a verdade está em falta´, e aí questiona-se a independência e imparcialidade dessas instituições”.
Há quem afirme que a posição do FMI é uma forma de pressionar o governo, que na sequência disso poderá preterir a cooperação com a organização e virar-se para a China.
O economista João Mosca diz que uma das consequências dessa opção pode ser uma alteração profunda das relações de Moçambique não só com o FMI, mas com todos os outros parceiros que estão directamente relacionados a ela.
Mosca pensa que o gigante asiático “tem os seus problemas internos (...) e esperar-se que a China vai resolver todos os problemas financeiros de Moçambique é uma pura ilusão.”