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Rafael Marques faz queixa-crime contra nove generais angolanos


Rafael Marques no edifício da Procuradoria Geral da República, depois de ter apresentado a queixa-crime
Rafael Marques no edifício da Procuradoria Geral da República, depois de ter apresentado a queixa-crime

São nove conhecidos e influentes generais e são citados na qualidade de proprietários de duas sociedades, nomeadamente a Lumanhe e a Teleservice

Generais e corrupção

A Procuradoria Geral da República de Angola recebeu hoje um requerimento, para procedimento criminal e inquérito, da autoria do jornalista e investigador Rafael Marques. Na queixa-crime, são citados os nome de nove generais angolanos.

Rafael Marques foi hoje recebido na área de Expediente do Gabinete do Procurador da República.
O documento queixa a que a Voz da América teve acesso, identifica quatro grupos de pessoas, incluindo as respectivas sociedades que funcionam nas Lundas.

Rafael Marques fazendo declarações à VOA (14 Nov 2011)
Rafael Marques fazendo declarações à VOA (14 Nov 2011)
São nove conhecidos e influentes generais e são citados na qualidade de proprietários de duas sociedades, nomeadamente a Lumanhe e a Teleservice, uma dedicada a extracção mineira e outra a prestação de serviços de segurança ás empresas de exploração.

Como sócios destacam-se os nomes de Hélder Vieira Dias Júnior “Kopelipa”,ministro de Estado e chefe da Casa Militar do presidente da República; Carlos Hendrick Vaal da Silva, Inspector-Geral do Estado Maior das FAA; Armando da Cruz Neto,actual governador de Benguela;Adriano McKenzie,da Direcção de Preparação de Tropas e Ensino das FAA.A lista dos visados inclui também nomes de generais reservistas como João de Matos,antigo chefe do Estado Maior; Luís Faceira e António Faceira.

Os gestores da ITM-Mining Ltd, empresa com sede nas Bermudas e escritório em Angola constam igualmente da lista. Com outro pessoal civil perfaz um total de 16 pessoas,incluindo os generais.

Os nomes do general França-Ndalu (actual deputado à Assembleia Nacional e representante da De Beers em Angola) é citado na qualidade de sócio da TeleService.É, sobretudo, a esta última empresa, a quem são imputados os assassinatos e mutilações que ocorrem ainda nos dias de hoje.

A queixa formalizada junto da Procuradoria é fundamentada com base nos relatórios que fez publicar o activista e jornalista Rafael Marques que também entregou como anexos.

Citam-se violações dos direitos humanos,"a empresa privada de segurança TeleService,contratada pela sociedade mineira de Catoca, para protecção da área de concessão, tem sido a executora de tais actos”, estivemos a parafrasear.

Diz um dos trechos da publicação que desde o penúltimo relatório publicado, que a polícia nacional presta maior atenção no respeito pelos direitos fundamentais,abstendo-se do envolvimento nas práticas criminosas.

Pelo menos 100 relatos estão devidamente documentados.Dez nomes de residentes locais entre familiares e testemunhas oculares foram arrolados no documento-queixa que, a esta hora, está nas mãos do Procurador João Maria.

Apesar de saber que lida com pessoas poderosíssimas, o activista Rafael Marques parece ter convicções bem fundadas. Marques é autor de quatro relatórios. O mais recente dos quais - “Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção” - circula discretamente,todos eles descrevendo a condição dum território numa região rica em diamantes, transformada em propriedade privada dos generais e políticos influentes em Angola, e sob cobertura institucional, os assassinatos e mutilações dos povos locais estão tendo lugar.

O autor do relatório não tem dúvidas:"Se a Procuradoria não se mexer desta vez, avançará mesmo para as instâncias internacionais".
Escute na totalidade a entrevista com Rafael Marques.Basta clicar no símbolo no topo desta página.

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