O candidato do MPLA a Presidente da República de Angola garantiu que vai abrir o país ao investimento estrangeiro e que privatizará empresas, numa óptica reformadora à Deng Xiaoping.
“Reformador? Vamos trabalhar para isso, mas não Gorbatchov, Deng Xiaoping, sim”, disse João Lourenço à agência de notícias espanhola EFE.
O vice-presidente do partido no poder em Angola admitiu que a situação económica em Angola “é menos boa, devido à queda do preço do petróleo”, mas assume, caso for eleito Presidente da República, apostar no desenvolvimento económico e social.
"Vamos trabalhar para criar um bom ambiente de negócios e vamos mudar a nossa política de vistos porque tem sido um impedimento”, prometeu Lourenço, reconhecendo que “Angola tem recursos para sobreviver além do petróleo”, nomeadamente no sectores de agroindústria, mineração, pesca e turismo.
“Angola possui uma grande extensão de terras cultiváveis, muita água, um clima bom porque não tem inverno e pode ser uma grande potência como o Brasil”, exemplificou o candidato do MPLA.
Na entrevista à agência espanhola, João Lourenço admitiu, ainda que indirectamente, o Presidente cessante, enquanto líder do MPLA, vai interferir na governação.
O papel de José Eduardo dos Santos
"É evidente que o MPLA vai influenciar as políticas do Governo porque é o partido mais votado”, disse Lourenço, recorrendo aos resultados provisórios anunciados na quinta-feira, 24, pela CNE.
E acrescentou: “Não é justo pensar que o MPLA não vá conduzir as políticas do novo Governo, caso contrário quem seria?”, pergunta, para completar que o “novo Governo vai seguir as linhas do MPLA”.
Quanto a José Eduardo dos Santos, ele afirmou que “é uma personalidade muito respeitada, tanto dentro do partido como por um conjunto da sociedade e não é anormal que o presidente do partido no poder não seja ele próprio o Presidente da República. Apenas para citar um caso, Donald Trump é o Presidente dos Estados Unidos mas não do Partido Republicano".
Na entrevista concedida logo após a eleição do dia 23, João Lourenço revelou estar a negociar com o fabricante espanhol Casa a aquisição de aviões de vigilância marítima para “ proteger a fronteira norte com a República Democrática do Congo”.