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Eleições França: Marine Le Pen e Emmanuel Macron elevam tom de retórica


Jornais frances com os candidatos Le Pen e Macron
Jornais frances com os candidatos Le Pen e Macron

Na última semana de campanha eleitoral os candidatos à presidência francesa, Marine Le Pen e Emmanuel Macron, elevaram o tom da recíproca violência retórica e vincaram as suas posições diametralmente opostas em quase todos os temas… tais como a imigração, segurança, economia e manutenção ou não da França na União Europeia.

No entanto, apesar de ter passado quase despercebido, as posições sobre África da candidata da extrema-direita, Marine Le Pen, e do liberal Emmanuel Macron são por vezes semelhantes.

Marine Le Pen defende que a França deve deixar de apoiar os dirigentes africanos que maltratam as suas populações e que as relações franco-africanas devem privilegiar mais as populações que os seus dirigentes.

Esta candidata defende também que o desenvolvimento económico será o motor para a real democratização dos regimes africana e, alinhado subtilmente com as suas propostas anti-imigração, Marine Le Pen quer privilegiar e facilitar programas que promovam o regresso e reinstalação os imigrantes nos seus países de origem.

Marine Le Pen defende também a supressão progressiva do Franco CFA e a sua substituição por um novo modelo, que não precisou.

O candidato liberal do centro, Emmanuel Macron, que qualificou a colonização da Argélia como um crime contra a humanidade, defende que a França deve reforçar o apoio às sociedades civis em África, como meio de garantir a democratização do continente. Mas também deve terminar com as redes de conivência franco-africanas, que para este candidato ainda subsistem.

No apoio ao desenvolvimento económico em África, Emmanuel Macron propõe uma parceria estratégica entre a União Africana e a União Europeia, com uma reformulação das políticas já existentes que permita terminar com o esquema da caridade ou do clientelismo.

Sobre o Franco CFA, o candidato Emmanuel Macron, antigo banqueiro, é mais prudente. Defende que a França deve participar na reflexão sobre supressão ou não do CFA em que devem ser avaliados os prós e os contras de tal medida.

Tal como defenderam Nicolas Sarkozy e François Hollande, Marine Le Pen e Emmanuel Marcon defendem subliminarmente um novo fim da Françafrica - um sistema de cumplicidades mútuas entre alguns regimes africanos e o Palácio do Eliseu - com o objectivo de garantir os interesses económicos franceses em África.Um sistema que perdura desde Charles De Gaulle e que dificilmente conseguirá ser suspenso pelo novo ou nova presidente.

Apesar de Emmanuel Macron ser o favorito nas sondagens, a vitória ainda está longe de ser alcançada.

Marine Le Pen tem conseguido progressivamente subir nas intenções de voto, e o apoio manifestado pelo impopular presidente François Hollande e pelo seu gabinete a Macron tem servido apenas para prejudicar o candidato centrista.

Por outro lado o aumento previsível da abstenção na segunda volta (marcada para 7 de Maio) irá favorecer apenas Marine Le Pen que está algemada a um eleitorado fiel da extrema-direita, mas dilatado por alguns eleitores que votaram na primeira volta no candidato conservador François Fillon.

Nestas eleições os franceses vão ter de escolher entre permanência do mesmo sistema com uma cara nova ou num novo sistema que orientará a França para penumbras do desconhecido.

Rui Neumann em Paris para a Voz da América

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