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Angola: Líderes associativos apontam caminhos diferentes em debate sobre "um país sem futuro"


Vista geral do Largo da Independência com a estátua do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.
Vista geral do Largo da Independência com a estátua do primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto.

Na discussão, alguns líderes defenderam a alternância política como única maneira de salvar o país e outros foram contrários a essa teoria. Alguns disseram ser hora de ir às ruas e outros propuseram a sensibilização das pessoas como solução

Organizações e líderes da sociedade civil angolana analisaram recentemente a situação do país num debate "A sociedade civil angolana, num país sem futuro", organizado pelo Observatório de Imprensa, liderado pelo investigador Domingos da Cruz.

A ideia do debate não era conseguir consensos, segundo os organizadores, mas analisar a situação do país e apontar caminhos.

Na discussão, alguns líderes defenderam a alternância política como única maneira de salvar o país e outros foram contrários a essa teoria. Alguns disseram ser hora de ir às ruas e outros propuseram a sensibilização das pessoas como solução.

Frorindo Chivucute, em nome da Friends Of Angola (FoA), disse que todos querem mudança, "mesmo quem está no MPLA". "Honestamente falando, todos gostariam de ver mudança. A diferença é como lá chegar", afirmou Chivucute.

Ele defendeu ser necessário "continuar a sensibilizar a comunidade internacional sobre os verdadeiros problemas que nós vivemos porque as eleições de Agosto último provaram que os angolanos gostariam mesmo de ver alternância de poder".

O jurista e académico Domingos Feka disse que o país mergulhou numa série de crises que precisam ser corrigidas.

"Para que tenhamos futuro, precisamos acabar com estas crises: Alterar o quadro constitucional de distribuição dos poderes, acabar com tendências selectivas do combate à corrupção, devemos acabar com a selecção da distribuição de direitos, como, por exemplo, o emprego apenas para um determinado grupo", afirmou Feka.

O jurista ainda alertou que a alternância política no país é necessária "até mesmo para o partido que dirige o país".

"Caso as coisas não mudem e se houver alguma artimanha lá mais pra frente, caminhamos para um estado horrível, poderá haver contestação social que descambará para consequências piores", defendeu Feka.

Por seu lado, o líder da SOS Habitat, Rafael Morais, disse que não ver o problema desta maneira.

"O tipo de mudança que se prevê não é só de tirar o MPLA do poder. Há outras maneiras, como a necessidade de mobilizar as comunidades em assembleias comunitárias, informar as comunidades sobre como o país se encontra e o que pretendemos de facto para este país", apontou aquele líder associativo.

O activista cívico Osvaldo Caholo disse que o "cenário de debates em salas fechadas, elitista, já está fora de contexto".

"Então, 47 anos depois, ainda estamos a dizer que temos futuro e é com relatórios. Nós precisamos de sair das salas, o objectivo tem que ser as ruas, o povo tem que sair à rua, e que se tire essa ideia de revoluções pacíficas e românticas, isto não existe. Podem ir ver as revoluções russas, americanas, a guerra do norte contra o sul. Não existe romantismo. É claro que vai morrer gente, sim, assim como lá atrás também morreram pessoas, para libertação de Angola", disse Caholo.

O debate aconteceu na sexta-feira, 27.

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