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Advogados angolanos questionam julgamento de Manuel Vicente no país


 Manuel Vicente
Manuel Vicente

PGR admite julgar antigo vice-presidente em 2022

Autoridades angolanas admitem a possibilidade de o antigo vice-presidente Manuel Vicente ser julgado no país em 2022 quando deixar de ter imunidade parlamentar.

Advogados dizem que Angola nãu quer julgar Manuel Vicente -2:33
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Especialistas em direito consideram que essa intenção configura a politização do processo, colocando em causa a defesa do Estado de Direito e a independência da justiça, tanto de Angola como de Portugal.

Para o advogado Pedro Caparacata, o postulado constitucional evocado pela Procuradoria Geral de República (PGR), que determina que o antigo vice-presidente só "pode responder perante a justiça cinco anos após o fim de mandato" não se coloca em relação ao crime de que Manuel Vicente é indiciado.

Por seu turno, o jurista Lindo Bernardo Tito afirma que tudo leva a crer que, a ser julgado em Angola, Manuel Vicente irá beneficiar de Lei da Amnistia aprovada em 2015, colocando em causa a independência dos tribunais dos dois países.

O advogado Luís de Nascimento também defende que se processo transitar para Angola Manuel Vicente nunca será julgado.

PGR justifica

O Ministério Público angolano ressalva que as autoridades portuguesas podem vir a recuperar o processo de Manuel Vicente, no âmbito do caso Operação Fizz, que começou a ser julgado na segunda-feira, 22, em Lisboa.

Na sua resposta, a PGR angolana refere que Manuel Vicente “beneficia, ainda hoje, do regime de imunidades materiais e processuais”, determinado na Constituição angolana, que prevê que “pelos crimes estranhos ao exercício das suas funções, o Presidente (e o vice-Presidente) responde perante o Tribunal Supremo, cinco anos depois de terminado o seu mandato”.

O Ministério Público angolano evoca os acordos bilaterais com Portugal e a Convenção de Auxílio Judiciário em Matéria Penal dos Estados-Membros da CPLP para garantir que Angola “tem todas as condições de garantir a boa administração da Justiça, caso o processo em causa lhe seja transmitido ou delegado pelo Estado português”.

Manuel Vicente é acusado no processo que decorre na justiça portuguesa de ter corrompido o antigo procurador Orlando Figueira para que o então procurador arquivasse dois inquéritos, um deles o caso Portmill, relacionado com a aquisição de um imóvel de luxo no Estoril.

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