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Obama propõe revisão do programa de assistência alimentar internacional


Obama Africa
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Por causa dos cortes orçamentais, o governo americano propõe comprar no local as ajudas alimentares do que as enviar a partir dos Estados Unidos

A nova proposta de orçamento do presidente Barack Obama prevê grandes alterações a forma como os Estados Unidos distribuem a ajuda alimentar internacional.

A administração americana diz que a sua proposta poderá abranger mais 4 milhões de pessoas no mundo sem acréscimo de custo.

A ajuda alimentar dos Estadas Unidos tem sido a corda de salva-vidas para pessoas carenciadas durante quase 60 anos. Nenhum outro país faz tanto como o governo americano nesse domínio. Mas esta não é a melhor forma de ajudar, diz Eric Munoz da Organização Internacional Oxfam.

“Enviar comida dos Estados Unidos leva muito tempo e custa mais dinheiro, e pode até não estar de acordo com as necessidades das populações a que se destinam, de maneira que comprar esses géneros localmente poderá permitir uma maior e melhor cobertura.”

Estudos recentemente realizados demonstram que comprar géneros alimentícios localmente é 25 a 50 por cento mais barato, e essas ajudas chegam aos destinatários 14 semanas mais cedo em relação aos envios feitos a partir dos Estados Unidos.

Eric Munoz diz por outro lado que se o objectivo é a melhoria da vida das pessoas, então comprar dos produtos dos agricultores locais será uma melhor acção em vez de ter que enviar ajudas a partir dos Estados Unidos.

“É tudo uma forma de criar mercados, apoiar os pequenos agricultores para tornarem-se mais produtivos e reduzir a pobreza nas suas comunidades, que será um grande avanço para fazer com que as ajudas deixem de ser necessárias no futuro.”

A proposta do presidente Barack Obama prevê a transferência de 45 por cento de 1,4 mil milhões de dólares do orçamento da ajuda alimentar, que doravante seriam destinados a comprar alimentos nos locais ou em zonas próximas das populações em necessidade.

Os responsáveis afirmam que essa acção poderá poupar dinheiro suficiente para atender mais 2 a 4 milhões de necessitados. Mas os agricultores americanos afirmam que esta política vai ter como repercussão o aumento de desemprego na indústria alimentar dos Estados Unidos.

Além de mais, o envio de ajudas alimentares ajudaria a preservar a estabilidade concorrencial da marinha mercantilista norte-americana, como reconhece Lee Kincaid, presidente do grupo da indústria mercantil, Congresso Marítimo Americano.

“Para as companhias marítimas americanas que na realidade asseguram o transporte de bens dos Estados Unidos em zonas de guerra. Qualquer impacto, alguma perda de tripulação, vai ser prejudicial não apenas para a segurança do mundo em termos de serviço, mas também para os Estados Unidos.”

Mas falando em Washington, o director da Agencia Americana para o Desenvolvimento Internacional, Rajiv Shah diz que melhorar a prestação dos agricultores dos países em desenvolvimento tirando-os da pobreza, vai tornar o mundo mais seguro. Shah adianta que a proposta do presidente Obama é mais eficiente que a actual situação.

“Uma das coisas que penso ser injustificável é promover a ineficiência tentando obter um objectivo tão importante que é salvar as vidas dessas pessoas.”

Seja como for a indústria agro-alimentar americana vai continuar ainda a beneficiar dos 55 por do orçamento previsto para a ajuda alimentar internacional, e os armadores e as agências de navegação poderão arrecadar 25 milhões de dólares do valor previsto no programa de poupança.

Mas os analistas afirmam por outro lado, que mudanças do programa de ajuda alimentar que já dura há 60 anos, está a ser o pomo de uma forte disputa no Congresso.
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