A UNITA acusa o partido no poder de se ter beneficado de 50 milhões de dólares da empresa brasileira Odebrecht para financiamento da sua campanha eleitoral de 2012 por via de pagamentos directos e indiretos, numa operação "ilegal, ilícita e opaca".
Em conferência de imprensa nesta terça-feira, 27, em Luanda, o vice-presidente do principal partido da oposição lembra que as operações foram desenvolvidas por altas figuras, actualmente detidas no Brasil, no âmbito da Lava Jato, que envolve a construtora Odebrecht e ainda o ex-Presidente do Brasil Lula da Silva.
"Naquela altura, o ex-Presidente brasileiro deslocou-se a Luanda, na companhia do então presidente da Odebrecht, Emílio Odebrecht. O Presidente (de Angola) José Eduardo dos Santos manifestou-lhes o seu interesse em contratar o publicitário João Santana, e os seus interlocutores prontificaram-se em contactar e persuadir o publicitário a fazer a campanha do MPLA", revelou Raúl Danda.
O partido no poder, segundo Danda, celebrou na altura dois contratos: "o primeiro de 30 milhões de dólares com a empresa do publicitário e o segundo de 20 milhões de dólares entre a mulher do publicitário e responsável da Odebrecht Angola.
"Desse valor, 15 milhões de dólares foram pagos através de uma conta 'offshore' e cinco milhões foram entregues em espécie em Angola, através de um banco comercial", acrescentou.
Em relação à pré-campanha eleitoral já em curso, Raúl Danda acusou o MPLA de “utilização abusiva de altas patentes das Forças Armadas Angolanas e da Polícia Nacional”.
"Tais factos configuram uma violação ostensiva e recorrente da lei angolana, pois os militares e os polícias devem assumir-se como apartidárias e assegurar uma estrita fidelidade à Constituição da República de Angola e à lei", conclui o vice-presidente da UNITA.