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Projecto Areia Branca: Isabel dos Santos nega responsabilidade em desalojamentos


Marginal de Luanda, Angola
Marginal de Luanda, Angola

A coordenadora da comissão de antigos moradores da Areia Branca em Luanda, Talita Miguel, rejeitou peremptóriamente declarações da empresária Isabel dos Santos de que não é responsável pelo desalojamento forçado de milhares de pessoas daquela zona para um projecto de desenvolvimento urbano.

O projecto estava avaliado em cerca de 600 milhões de Euros e foi concedido à companhia Urbinveste que recebeu em avanço do governo 189 milhões de dólares cujo destino se desconhece.

“Sou alvo das mentiras da SIC e do ICIJ sobre desalojar famílias da Areia Branca”, escreveu Isabel dos Santos na sua conta no Twitter em referência a uma cadeia de televisão portuguesa e ao Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação.

“Este é o projeto da Marginal da Corimba, não passa em cima de terrenos de ninguém. É uma estrada em cima de um aterro no MAR NUNCA desalojamos ninguém. Este projecto NÃO foi PAGO nem foi construído”, acrescentou.

Mas o que é certo que cerca de três mil famílias foram desalojadas da zona e imagens de satélite mostram claramente que a zona foi “limpa” de habitações.

Talita Miguel da comissão dos antigos moradores disse que foi "a Urbinveste que comprou o espaço, a empresa é de Isabel dos Santos que não deu a cara até agora”.

“Ela não deu a cara mas usou o Estado angolano”, acrescentou interrogando depois a quem é que a companhia “incumbiu responsabilidade de fazê-lo”.

A associação SOS Habitat é de opinião que a responsabilidade deve ser atribuída em primeira instância ao Estado e não a Isabel dos Santos.

André Augusto daquela organização disse que “quem demoliu as casas foram o governo de Luanda e a polícia”.

“Cabe ao Estado pagar os estragos e se achar que foi enganado pela senhora Isabel então o Estado pede contas à senhora", acrescentou.

Os antigos moradores da Areia Banca não têm dúvidas sobre quem é reponsável pela situação em que vivem há sete anos numa zona sem condições.

"Até hoje nada mudou, vivemos no lixo como bichos", disse um dos antigos habitantes que se identificou apenas por Pedro, para quem Isabel dos Santos deve ser levada a tribunal.

"Famílias desestruturadas por causa dela, não podemos ser tratados como animais, somos seres humanos merecemos respeito e dignidade que ela tem, não pode só pensar nela, tudo só para ela", disse Pedro para quem “eles não querem saber do que está nas camadas baixas”.

“Temos crianças a viverem no lixo, fora da escola, doenças”, afirmou.

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