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Prisão angolana de São Nicolau pode ser património mundial


Centro Prisonal de São Nicolau, Namibe
Centro Prisonal de São Nicolau, Namibe

"Este é um lugar de memória e queremos que a sua protecção e a sua valorização possa ser partilhada com outros países, com o apoio da UNESCO"

Património Mundial

O Centro prisional do Bentiaba vai ascender à categoria de património cultural nacional. A garantia é dada pela ministra da Cultura, Rosa Cruz e Silva, durante a sua visita aquela unidade prisional, a par do ministro da Defesa, Cândido Van-Dunem.

"De um tempo a esta parte, temos criado algumas condições técnicas para esta avaliação e queremos passar a avaliação sobretudo para aquelas fortalezas que têm a ligação com o processo da luta de libertação nacional. Bentiaba tem esta ligação, ontem também estivemos na fortaleza de São Fernando, no Namibe», esclareceu Rosa Cruz e Silva.

A cadeia de São Nicolau, no Bentiaba, é a única a céu aberto em Angola, localizada numa área contornada por montanhas e o rio Bentiaba.

No passado colonial, serviu de lugar de tortura para os nacionalistas angolanos de entre os quais a família Tchipenda; o pastor Baltazar Diogo, pai do actual ministro da Administração do Território, Bornito de Sousa; o velho Mateus, pai do jornalista Ismael Mateus; o mais velho Guilherme Tonet, pai do jornalista e director do semanário "Folha 8", Wiiliam Tonet.

Alguns destes nacionalistas angolanos, capturados pela tropa colonial na quarta região político-militar do Huambo, permaneceram encarcerados em São Nicolau - entre 1968 e 1974 - com os respectivos filhos, acima referenciados.

As campas do Cemitério de São Nicolau ostentam peças de arte Mbale, outra razão porque o Ministério da Cultura pretende dar maior atenção aquele centro prisional.

Segundo dados que a Voz de América teve acesso, São Nicolau surgiu em 1824 e só foi oficializado, centro prisional em 1974, através do decreto 68/74 de 29 de Agosto e publicado no Boletim Oficial nº 201, primeira série, ocupando uma extensão territorial de quarenta e cinco mil hectares.

A Ministra da Cultura anunciou que uma equipa multidisciplinar deverá, nos próximos dias, deslocar-se a São Nicolau para efeitos de estudos, devendo fazer integrar vários investigadores.

"Especialistas do nosso Ministério, do Instituto do Património Cultural, do Museu Nacional de Arqueologia, antropólogos, irão envolver-se no projecto para o trabalho que nós queremos que seja feito, para que possamos conceber um projecto que nos vai levar à meta da categoria de Património Cultural Mundial. Os jovens estudantes, que defendem as suas teses, podem ser mobilizados para participar ingressar as nossas equipas técnicas, no sentido de fazerem o seu estudo sobre esta matéria, porque este é um lugar de memória e queremos que a sua protecção e a sua valorização possa ser partilhada com outros países, com o apoio da UNESCO", defendeu Cruz e Silva.

Continuam as pesquisas quanto ao nome de São Nicolau, atribuído aquele centro prisional, que hoje alberga cerca de 1090 reclusos, condenados a penas maiores de dois anos. A Cadeia de São Nicolau, no Bentiaba, é dirigida por Tchinhama Samuel Jamba, assessor prisional de segunda classe.

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