Links de Acesso

Violência no enclave espanhol mata pelo menos 23 pessoas


Polícia de choque isola a área depois da chegada migrantes a solo espanhol depois de cruzar as cercas que separam o enclave espanhol de Melilla de Marrocos em Melilla, Espanha, em 24 de Junho de 2022.
Polícia de choque isola a área depois da chegada migrantes a solo espanhol depois de cruzar as cercas que separam o enclave espanhol de Melilla de Marrocos em Melilla, Espanha, em 24 de Junho de 2022.

Uma tentativa massiva dos migrantes de invadir a barreira entre Marrocos e o enclave espanhol de Melilla resultou numa "violência sem precedentes" que matou pelo menos 23 pessoas da África subsaariana e desencadeou receios de que o pior viesse a acontecer.

"Foi como uma guerra, estávamos a segurar pedras, pequenas pedras, para combater os militares marroquinos, que nos espancaram por qualquer meio, com paus", disse um emigrante sudanês de 20 anos num centro de detenção dentro de Melilla.

"Subi a cerca mas um guarda marroquino bateu-me nas mãos. Caí inconsciente do lado espanhol, onde fui espancado por forças espanholas", disse outro.

Eles estavam entre os 2.000 migrantes que na sexta-feira invadiram a fronteira fortemente protegida entre a região marroquina de Nador e o enclave de Melilla.

Pelo menos 23 migrantes morreram e 140 polícias foram feridos, segundo as autoridades marroquinas - o número mais elevado em anos de tais tentativas.

Muitos dos migrantes, muitas vezes provenientes de zonas devastadas pela guerra, como a região de Darfur, no Sudão, passaram meses ou mesmo anos em condições precárias e perigosas na floresta vizinha de Gourougou, enfrentando espancamentos e detenções em múltiplas tentativas de alcançar vidas melhores em Espanha.

Mas os observadores afirmaram que a última tentativa foi sem precedentes no nível de violência.

"É a primeira vez que vemos este nível de violência dos próprios migrantes contra as forças de segurança", disse Omar Naji do escritório de Nador do grupo de direitos AMDH.

A violência aumentou os receios entre os marroquinos na região.

"Estamos aterrorizados com o que aconteceu", disse Issame Ouaaid, 24 anos, do distrito fronteiriço de Barrio Chino.

"É a primeira vez que vemos migrantes a transportar varas de ferro para lutar com a polícia".

(AFP)

XS
SM
MD
LG