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SADC procura resposta colectiva à violência terrorista em Cabo Delgado


Palma, Cabo Delgado, Moçambique. 24, Março 2021
Palma, Cabo Delgado, Moçambique. 24, Março 2021

Na abertura da cimeira de Chefes de Estado da SADC a decorrer esta quinta-feira em Maputo, o Presidente do Botswana, Mokgweetsi Masisi, afirmou que “os ataques terroristas no norte de Moçambique são uma ameaça a toda a região da África Austral sendo por isso necessária uma resposta colectiva.”

A violenta escalada de uma insurreição no norte de Moçambique no mês passado suscitou novas preocupações sobre a segurança na África Austral, uma região que tem gozado de relativa estabilidade nas últimas décadas.

A cimeira foi convocada com carácter de urgência para debater a violência armada em Cabo Delgado, norte de Moçambique, na sequência do ataque a Palma, a 24 de Março, por insurgentes que originou a fuga de milhares, a morte de dezenas entre os quais alguns estrangeiros.

O ataque ocorreu não longe dos portōes do mega-projecto de gás natural da TOTAL, em Afungi, o que levou a companhia francesa a suspender todas as operações e retirar os empregados.

No discurso de abertura da cimeira, Masisi que preside ao orgão de política de defesa e Segurança da SADC enfatizou que os ataques em Cabo Delgado são ataques mais do que apenas contra Moçambique, mas contra toda “a região e toda a humanidade pelo seu carácter terrorista.”

Masisi referiu o sofrimento provocado por estes ataques em termos humanos, e também de infraestrutuas destruídas.

Com esta cimeira pretende-se definir medidas concretas para lutar contra a ameaça terrorista para a região Austral africana, uma vez que há receio de que com a fronteira de Moçambique com vários países da região caso não seja contida a ameaça que representa a insurgência em Cabo Delgado se poderá alastrar a outros países.

O ataque e o controlo de Palma foram reivindicados pelo grupo terrorista Estado Islâmico, mas as Forças de Defesa e Segurança moçambicanas reassumiram completamente o controlo da vila, conforme anunciado pelo porta-voz das operações no norte, Chongo Vidigal, e reafirmado depois pelo Presidente moçambicano, Filipe Nyusi.

Viúvas da guerra: As marcas psicológicas da insurgência
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'Está à nossa porta"

A esperança é que Moçambique abra as suas portas a alguma ajuda prática... como parte de uma estratégia integrada", disse o analista do Crisis Group, Piers Pigou, observando que o país até agora só tinha procurado ajuda ad-hoc de outros membros da SADC numa base bilateral.

"As fronteiras com Moçambique são enormes e não fáceis de gerir", disse Kennedy Mmari, analista independente tanzaniano, avisando que a insurreição poderia "acelerar" o extremismo no seu país.

"Está à nossa porta", disse o investigador Liesl Louw-Vaudran, do Instituto de Estudos de Segurança da África do Sul.

"Seria um problema enorme se houvesse uma insurreição crescente na África Austral, onde não temos visto realmente nenhum extremismo violento", disse ela.

Os países mais vulneráveis são os adjacentes a Cabo Delgado, disse Louw-Vaudran, incluindo o Malawi e o Zimbabwe.

Mas ela observou que o risco de expansão territorial permaneceu "bastante limitado" por enquanto, uma vez que os jihadistas pareciam mais propensos a espalhar-se mais para Moçambique do que a atravessar fronteiras.

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