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Radar Magrebe Lusófono (Edição Setembro 2017)


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Cinco magrebinos mais 5 PALOP’S, que agora até são 6, é igual a 14. Nunca a Comunidade Lusófona teve tanta consciência da sua dimensão e importância, nem nunca o Magrebe foi tão imprevisível e importante para a Europa e para África.

É no Mediterrâneo que se joga o futuro do Norte e do Sul e os magrebinos, lusófonos e VOA, temos uma palavra a dizer!

As desavenças entre Marrocos, Argélia, República Árabe Saraui, a Polisário e africa no país de Moçambique esteve patente na recente cimeira Japão-Africa. Contas dos tempos da luta de libertação que continuam a marcar a diplomacia multilateral.

Tema de abertura do “Radar Magrebe” de Setembro do politólogo, arabista e colaborador da VOA Raúl M. Braga Pires.

Radar Magrebe Lusófono
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RADAR MAGREBE LUSÓFONO III

MOÇAMBIQUE/MARROCOS/POLISARIO

O Japão organizou no Maputo, no final de Agosto, o que pode ser qualificado como uma mini-Cimeira Japão-África. Este evento teve um início atribulado, com um protesto veemente da delegação marroquina, pela presença de uma delegação da República Árabe Sahraoui Democrática (RASD)/POLISARIO. Esta delegação não estava convidada, pois o país organizador da mini-Cimeira, o Japão, não reconhece a RASD como país. No entanto, o país anfitrião do evento, Moçambique, é um dos maiores apoiantes africanos da legitimidade da RASD em ser um país independente e soberano. Aliás, o ex-Presidente Joaquim Chissano, foi uma das principais figuras a oporem-se à reintegração do Marrocos na União Africana (UA), na Cimeira de Janeiro deste ano, em Addis-Abeba.

Esta posição moçambicana, radica certamente, na dívida eterna que contraiu com a Argélia em apoio e treino que esta lhe deu aquando da Luta de Libertação Nacional. De notar que a Argélia é o maior financiador da POLISARIO, o Grupo Militar cujas chefias se confundem/acumulam com as da RASD, a entidade política.

PORTUGAL/ARGÉLIA/MARROCOS

Setembro, vê revelado pelo sítio argelino algeriepatriotique.com, cumplicidades entre diplomatas portugueses e os serviços secretos marroquinos, a propósito da questão sahraoui. A denúncia revela os nomes de duas diplomatas portuguesas na Representação portuguesa na União Europeia (EU), bem como identifica o Embaixador português em Argel, como facilitadores de informação aos marroquinos, sobre os planos da EU para a questão sahraoui, integrada nas políticas de defesa e segurança regional.

Para Portugal, este é um momento crucial para alimentar as melhores relações com Marrocos, já que necessita destes para apresentar uma candidatura à Extensão da Plataforma Continental, sem pontos de conflito com a proposta marroquina da sua própria Plataforma Continental, bem como precisa do voto marroquino para ver aprovada a proposta portuguesa.

Quanto à relação com a Argélia, Portugal começa a ter razões de queixa relativamente aos fluxos de gás natural que recebe, já que os atrasos são sempre justificados pelos argelinos com a necessidade de manter trabalhos de reparação do gasoduto. Neste capítulo, as autoridades portuguesas deverão manter uma esperança e um desejo secreto, para que a construção do gasoduto entre a Nigéria e Tânger veja a luz do dia, já que diminuiria a dependência do actual gasoduto do Mediterrâneo.

DIA NACIONAL DO REINO DA ARÁBIA SAUDITA

Dia 21 de Setembro é o “10 de Junho saudita” e os portugueses têm 500 anos de Histórias para contar sobre a Península Arábica. Imaginem, que o Grande Afonso de Albuquerque, por 1506 e, em pleno Mar Vermelho, na estratégica ilha de Socotra, ao olhar para norte gizou dois planos megalómanos, para mudar o Mundo, a sua geografia e relações de Poder, fazendo de D. Manuel I um verdadeiro Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc.

O primeiro, faraónico, seria o de desviar o percurso do Nilo até ao Mar Vermelho, qual “Canal do Suez Manuelino”, que ligaria o Mediterrâneo ao Indico, encurtando a longa e penosa Rota do Cabo, para a India, em cerca de 6 meses.

O Segundo e, pela “proximidade” de Meca ao Mar Vermelho, Albuquerque concebeu a ideia de investir militarmente sobre a Cidade do Cubo - para onde todos os muçulmanos se prostram a cada reza – sequestrar o Túmulo do Profeta Maomé e mantê-lo sob a sua guarda, até à saída do último muçulmano da cidade, também Santa, de Jerusalém. Felizmente que esta ideia não ganhou forma, por duas razões. A primeira, porque o Túmulo do Profeta não se encontra em Meca, mas sim em Medina e lá se iria o factor surpresa. Em Segundo, porque teria caído sobre os portugueses, vindo da parte da Nação Islâmica, um anátema equivalente ao que ainda hoje judeus sofrem, face a cristãos e todos os outros.

Mas também é importante ter presente que tudo isto se passou “no tempo em que os portugueses tinham 7 metros de altura”, detalhe sempre citado, do Marrocos ao Golfo, a cada Lenda contada sobre portugueses.

O facto seguinte não é lenda, mas resultado de uma corruptela linguística. A bandeira saudita, em verde, consiste na inscrição a branco da Shahada, a Profissão de Fé que assegura a Unicidade de Deus, que nos diz que Ele é só Um. Em árabe lê-se lā 'ilaha 'illāl-lāh e parece que a corruptela em português deu no Ólarilólela, que tão bem acompanha o Fado do 31!

www.raulbragapires.pt

Politólogo/Colaborador VOA/Radar Magrebe

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