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Putin coloca forças nucleares em estado de alerta máximo e Zelenskyy diz que “a luta continua”


Soldado ucraniano
Soldado ucraniano

Delegações da Ucrânia e Rússia vão reunir-se “sem pré-condições”. Kyiv diz que Moscovo "abandonou ultimatos” e centenas de pessoas presas na Rússia em protestos contra a guerra

Delegações da Ucrânia e da Rússia vão reunir-se na fronteira com a Bielorússia no primeiro sinal de uma possível solução para o conflito militar que entrou no seu quarto dia, ao mesmo tempo que o Presidente russo Vladimir Putin coloca as suas forças nucleares em estado de alerta máximo.

O Presidente ucraniano disse que as conversações vão decorrer “sem pré-condições”.

O ministro ucraniano do Negócios Estrangeiros disse que a Rússia abandonou ultimatos anteriormente feitos devido aos revezes militares no terreno.

Dmytro Kuleba acrescentou que delegação do seu país vai “ouvir o que a Rússia quer dizer”, mas alertou que a Ucrânia não cederá nenhum território.

Antes, a Ucrânia continuava a recusar negociar com a Rússia na Bielorússia como proposto por Moscovo, mas as autoridades ucranianas disseram ter recebido garantias de que não haverá operações militares a partir da Bielorússia enquanto decorrem as conversações.

Kuleba disse que a decisão do Presidente russo de colocar as forças nucleares em estado de alerta destina-se a pressionar a Ucrânia durante as conversações e acrescentou que o uso de armas nucleares contra a Ucrânia seria uma catástrofe para o mundo “mas não nos irá quebrar”.

O anúncio das conversações e da decisão de Putin colocar as suas forças nucleares em estado de alerta dá-se quando há incerteza quando à situação na segunda maior cidade do país, Kharkiv, onde forças russas teriam entrado na cidade, mas, segundo as autoridades ucranianas, foram mais tarde repelidas.

As forças russas não conseguiram também até agora avançar sobre a capital Kyiv, cujos arredores foram, contudo, alvo de ataques de artilharia.

“Resistimos e estamos a repelir com sucesso os ataques do inimigo, a luta continua”, disse o Presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy.

O Presidente russo Vladimir Putin afirmou ter colocado as “forças de dissuasão” que incluem armas nucleares em estado de alerta devido ao que disse serem declarações agressivas de países da NATO e as sanções económicas anunciada contra o país.

Vladimir Putin
Vladimir Putin

“Como se pode ver os países ocidentais não só adoptam medidas hostis contra o nosso país na dimensão económica – refiro-me às sanções ilegais que todos conhecem muito bem –, mas também destacadas figuras dos países da NATO fazem declarações agressivas contra o nosso país”, disse Putin.

Reacções

Em Washington a Casa Branca reagiu dizendo que a decisão de Putin faz parte de um padrão de fabricação de ameaças para justificar a agressão à Ucrânia.

“Já vimos isto repetidas vezes”, disse a porta-voz da Casa Branca Jen Psaki.

“Em nenhuma ocasião a Rússia esteve sob ameaça da NATO, em nenhuma ocasião esteve a Rússia sob ameaça da Ucrânia”, acrescentou.

Por seu lado, o secretário geral da NATO Jens Stoltenberg descreveu a decisão russa de "retórica perigosa e irresponsável”.

Protestos e prisões na Rússia

Entretanto, neste domingo, 27, mais de 900 pessoas foram presas em manifestações contra a guerra em 44 cidades russas, anunciou a organização independente de monitoria de protestos OVD.

Um manifestante preso com um cartaz que diz "a guera na Ucrânia éa uma vergonha e um crime"
Um manifestante preso com um cartaz que diz "a guera na Ucrânia éa uma vergonha e um crime"

Com as novas prisões, eleva-se para quatro mil o número de pessoas presas em manifestações desde o início da guerra.

As autoridades ucranianas acusaram forças russas de terem feito explodir um gasoduto, o que poderá causar “uma catástrofe ambiental” e apelaram os cidadãos a tomarem medidas de precaução.

A Ucrânia disse também ter interceptado um míssil russo que tinha como alvo uma barragem que caso for atingida irá provocar cheias e destruição na zona da capital.

Uma fonte do Departamento de Defesa dos Estados Unidos disse que “a resistência é maior do que os russos esperavam particularmente no norte da Ucrânia”.

Essa fonte acrescentou que forças russas tinham disparado mais de 200 missies balísticos e “cruise” desde que a invasão começou, a maioria dos quais teve como objectivo alvos militares.

Entidades oficiais russas disseram que as suas forças estão a registar “progressos sólidos” para eliminar “a ameaça terrorista”.

Um porta-voz do Ministério da Defesa russo disse que 821 alvos militares tinham sido atingidos, incluindo 87 tanques e outros alvos.

O porta-voz acrescentou que forças russas tinham assumido o controlo da cidade de Melitopol, 35 quilómetros da costa do Mar de Azov e que separatistas apoiados pela Rússia tinham feito progressos significativos na região leste de Donbas.

Sanções à Rússia intensificam-se

A França e a Noruega anunciaram hoje que proibiram o acesso ao seu espaço aéreo a todos os voos de companhias russas, juntando-se assim a outros países europeus que adoptaram essa medida.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros do G 7, as sete maios economias do mundo, vão reunir-se ainda hoje para coordenar as sanções depois de ontem a União Europeia e os Estados Unidos terem anunciado que vão suspender “certos bancos” russos de terem acesso ao sistema SWIFT usado para as trocas bancárias em redor do mundo.

O Japão que faz parte do G-7 anunciou apoiar essas medidas.

Foi também já acordado que os países europeus e os Estados Unidos vão impedir que banco central russo tenha acesso aos mercados financeiros internacionais

Em resposta, o banco central russo emitiu um comunicado afirmando que as instituições financeiras do país não estão em perigo e apelou aos cidadãos para não entrarem em pânico.

Entretanto, há o perigo de uma corrida aos depósitos bancários por parte dos cidadãos russos amanhã.

A Alemanha anunciou, por seu lado, que vai enviar para a Ucrânia mil armas anti-tanque e 500 missies anti-aéreos “o mais rapidamente possível”.

Refugiados

Milhares de ucranianos continuam, entretanto, a fugir para países vizinhos, provocando engarrafamentos na fronteira com filas de veículos de dezenas de quilómetros.

A Agência das Nações Unidas para os Refugiados disse que mais de 350.000 pessoas ja se refugiaram nos países vizinhos e a União Europeia advertiu que terá que tomar medidas para receber muitos mais.

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