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Porto do Lobito descarta reforma para funcionários expulsos por alegado apoio à UNITA em 1992


Comboio no Porto do Lobito
Comboio no Porto do Lobito

Trinta anos depois da expulsão de 2.015 trabalhadores da Empresa Portuária do Lobito, na província angolana de Benguela, por alegado apoio à UNITA, então liderada por de Jonas Sabimbi, o Conselho de Administração dá por encerrado o litígio, com a rejeição das exigências de segurança social ou reenquadramento de antigos portuários, soube a VOA nesta quarta-feira, 9.

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Em resposta a várias cartas reivindicativas, com o Ministério do Trabalho e a Assembleia Nacional entre os destinatários, o Conselho de Administração do Porto diz que o assunto há muito que prescreveu e considera que faltou recurso ao na altura Tribunal Popular Provincial.

Numa carta a que a VOA teve acesso, assinada pelo presidente do Conselho de Administração, Celso Rosas, a Empresa Portuária do Lobito indica que, mesmo a legislação laboral em vigor à data dos factos, 1992 , já estabelecia prazos para recursos em casos de conflitos laborais.

São seis meses, o mesmo tempo estipulado na actual legislação, tal como indica o documento, no qual se observa abertura para mais esclarecimentos.

O coordenador do grupo de trabalhadores expulsos, Marcos Samuakili, reconhece que o Ministério do Trabalho e Administração Pública tem sido um interlocutor válido, mas considera a medida precipitada.

“Segundo o MAPTSS (Trabalho), esse assunto só perdia a validade se fosse normal, mas como é político, discutido na Assembleia Nacional, não tem fim, vai se negociar, eles agiram da sua maneira”, avança o antigo funcionário.

Com a média de idade superior a 60 anos, já só se pede uma pensão de reforma, também para as viúvas e filhos dos 580 trabalhadores falecidos.

“Aqueles que saíram com 40 anos, hoje têm 70 … queremos reforma, também para os falecidos e os órfãos”, resume Samuakili, antes de salientar que “a vida é precária, há dificuldades de alimentação e de acesso à saúde”.

A direcção da Empresa Portuária de Lobito alegou sempre que o grupo abandonou o trabalho para assistir a um comício do fundador da UNITA, mas Samuakili sublinha que nada disso aconteceu.

“Nós fizemos uma greve, pela lei, estamos a negociar, a empresa não resolveu todos os pontos, por isso o director fez artimanha a acusar que somos todos da UNITA”, lembra, acrescentando que “isto também por causa de um poster do Dr. Sabimbi ao lado dos de Agostinho Neto e Eduardo dos Santos, assim pintaram o de Sabimbi e não admitimos porque era democracia”.

Conforme apurou a VOA, até finais do ano passado, o Porto do Lobito tinha já uma dívida de 700 milhões de kwanzas para com o Instituto Nacional de Segurança Social.

Fonte ligada à Inspecção Geral do Trabalho, adstrita ao Ministério do Trabalho e Administração Pública, disse não acreditar em pensões de reforma, justificando que a segurança social em Angola foi institucionalizada justamente em 1992, o ano da expulsão dos trabalhadores.

Os funcionários expulsos terão uma reunião de concertação nos próximos dias para análise de medidas face à resposta do Conselho de Administração da empresa.

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