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Polícia brasileira investiga professor condenado por apoiar terrorismo


Franco-argelino foi condenado a cinco anos de prisão na França.

A Polícia Federal do Brasil está a invesstiar um argelino naturalizado francês que é professor de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e que cumpriu pena na França por ligações por atentados terroristas.

A revista brasileira Época revelou que Adlène Hicheur começou a ser investigado após a rede americana CNN produzir uma reportagem sobre uma mesquita que ele frequentava no Rio de Janeiro, e onde terá defendido ataques ao jorna francês “Charlie Hebdo”.

Considerado um brilhante especialista em física das partículas elementares, o cientista Adlène Hicheur foi para a casa dos seus pais, na França, onde passou a frequentar um fórum na Internet utilizado por jihadistas.

Lá, conforme indicam 35 e-mails aos quais a revista teve acesso, ele se comunicava como um interlocutor identificado apenas como Phenix Shadow.

As mensagens foram descriptografadas pela Inteligência francesa.

De acordo com o Governo francês, Phenix Shadow seria Mustapha Debchi, um membro do grupo terrorista Al-Qaeda na Argélia.

A polícia passou, então, a monitorar Hicheur, em função do potencial de risco das mensagens trocadas.

Nas conversas, Phenix fez um convite a Hicheur: “Caro irmão, vamos directo ao ponto: você está disposto a trabalhar em uma unidade de ativação na França? Que tipo de ajuda poderíamos te dar para que isso seja feito?”, perguntou.

“Sim, claro", foi a resposta dele, dada cinco dia.

Nos e-mails, o cientista falava sobre a sua vontade em deixar a Europa nos próximos anos, mas ressaltava que o plano podia ser revisto.

Para ficar no continente europeu, ele comentou a sua estratégia: “Trabalhar no seio da casa do inimigo central e esvaziar o sangue de suas forças”.

Adlène Hicheur foi preso pela polícia francesa depois das mensagens e no computador do físico, os policias encontraram um arquivo criptografado no qual ele falava sobre o envio de8 mil euros para a rede Al-Qaeda.

Ele foi condenado a cinco anos de prisão, mas em 2012, Hicheur conseguiu a liberdade condicional e começou a mudar informações sobre ele disponíveis na Wikipedia, onde o seu caso era citado.

O professor tentou, sem sucesso, recuperar o emprego no CERN, mas foi impedido pela polícia.

A Justiça da Suíça, no entanto, também decidiu manter a proibição da presença do cientista no país até Abril de 2018.

“A gravidade dos factos leva o tribunal a considerar que a manutenção da interdição de entrada se justifica por motivos ligados à segurança interior e exterior da Suíça”, dizia a decisão.

Sem poder retornar à Suíça, o físico encontrou no Brasil a chance de reconstruir a vida.

A revista Época conta que Hicheur conseguiu uma bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em 2013, e, desde então, passou a morar na Tijuca, área nobre na zona norte da cidade do Rio de Janeiro.

Adlène Hicheur, que tem visto para trabalhar na UFRJ até Julho deste ano, ganhou 56 mil reais do CNPq num intervalo de apenas dois anos, entre 2013 e 2014.

À "Época", o órgão afirmou que, para qualquer contratação, uma análise é feita com base "no mérito científico da proposta e no currículo do candidato”.

De sandálias de couro, instalado numa sala pequena no 3º andar do departamento de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o físico Adlène Hicheur, 39 anos, tem o physique du rôle atribuído aos cientistas.

É magro, tem olheiras profundas e trabalha numa pequena escrivaninha repleta de livros.

Disciplinado, Hicheur desloca-se todas as sextas-feiras para fazer as suas orações numa mesquita na zona norte do Rio de Janeiro.

Os líderes da Mesquita da Luz, no Rio, querem que a Polícia Federal descubra a identidade e o paradeiro do homem que se manifestou a favor de terroristas, dentro do templo, logo após o atentado contra o Charlie Hebdo no ano passado.

A Sociedade Muçulmana do Rio de Janeiro, responsável pela mesquita, tem repudiado publicamente os ataques do Estado Islâmico, em especial o que ocorreu de novembro passado em Paris.

Para o presidente da entidade, Mohamed Zeinhom Abdien, muitas pessoas não distinguem terroristas dos seguidores do islamismo e isso aumenta a estigmatização dos muçulmanos.

“Denunciamos a acção do simpatizante do Estado Islâmico à Polícia Federal. Queremos mostrar que a gente não concorda com essas coisas. Nossa religião não é essa. Queremos viver em paz com o próximo”, diz Abdien, que não foi informado sobre o resultado da investigação pela PF.

A Presidente Dilma Roussef reuniu-se com o ministro da Justiça que disse à imprensa que o Governo está a analisar as medidas a tomar com o professor, cujo visto caduca em Julho.

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