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Pesquisador lança livro que faz análise crítica do sistema de ensino guineense


Pesquisador e escritor guineense Leonel Mendes lança livro sobre educação no Brasil
Pesquisador e escritor guineense Leonel Mendes lança livro sobre educação no Brasil

O pesquisador e escritor guineense Leonel Mendes lançou em dezembro no Brasil o livro "(Des)Caminhos do sistema de ensino guineense: avanços, recuos e perspectivas". Mendes está fazendo o seu mestrado em Educação na Universidade Federal da Bahia (UFBA), Brasil. Em entrevista à Voz da América, o pesquisador explicou que o livro faz uma análise crítica do sistema de ensino guineense desde a luta pela independência até os dias de hoje.

Lançamento do livro (Des)Caminhos do sistema de ensino guineense: avanços, recuos e perspectivas
Lançamento do livro (Des)Caminhos do sistema de ensino guineense: avanços, recuos e perspectivas

O livro, que tem sete capítulos, também tenciona provocar debates e reflexões. Mendes tem planos de continuar a se aprofundar no assunto durante o seu mestrado e doutoramento.

Livro (Des)Caminhos do sistema de ensino guineense: avanços, recuos e perspectivas
Livro (Des)Caminhos do sistema de ensino guineense: avanços, recuos e perspectivas

O pesquisador disse que houve avanços pontuais na educação, como a isenção da taxa de matrícula no ensino básico e a oferta de merenda escolar financiada por organizações internacionais. No entanto, no que diz respeito ao avanço estrutural, Mendes lamentou o desempenho da Guiné-Bissau com dois anos letivos praticamente perdidos.

Ele também mencionou "problemas estruturais que o nosso ensino vem enfrentando desde o período pós independência até hoje, e a gente não consegue ultrapassar essas questões".

Mendes reconheceu que houve um ganho político nos últimos dois anos. José Mário Vaz foi o primeiro presidente a terminar o seu mandato na Guiné-Bissau desde a independência de Portugal em 1974. A Guiné-Bissau é um dos países mais pobres e mais frageis do mundo. Desde a independência, registaram-se quatro golpes de estado bem-sucedidos e 16 golpes tentados, planeados ou suspeitos. Além disso, as frequentes mudanças de governo são outra manifestação da instabilidade política do país.

"Enquanto não houver estabilidade política na Guiné-Bissau não vai haver perspectiva para o futuro da educação"
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Sobre as perspectivas para os próximos cinco anos, o pesquisador foi perempetório: "Enquanto não houver estabilidade política não vai ter".

E acrescentou: "Eu acredito que deve haver um comprometimento nacional colocando o ensino como prioridade. É um problema histórico. A educação nunca foi prioridade no nosso país".

Durante a entrevista, Mendes citou um estudo da pesquisadora guineense Luísa da Silva Lopes e Lopes que constatou que durante os anos de 1973 a 2013 vinte e seis ministros passaram pelo Ministério da Educação, uma média de dois anos para cada um exercer a sua função.


Leonel acrescentou que as mudanças também ocorriam constantemente no nível técnico, "e muitas vezes por quadros menos experientes que não têm nenhum compromisso com o desenvolvimento da educação. Estas nomeações políticas chamadas de cargos comissariados ou de solidariedade, também têm seus impactos negativos na estabilização do setor educativo".

No que diz respeito aos recuos da educação na Guiné-Bissau, Mendes destacou as greves como o maior impacto negativo. Ele disse que isso não ocorria nas décadas de 80 e 90, mas que a partir do ano 2000 a situação começou a mudar, com professores enfrentando falta de pagamento.

Com relação às mudanças feitas no currículo escolar o pesquisador argumentou: "Nós precisamos pensar neste momento numa educação afro-centrada que vai valorizar a nossa realidade: a nossa história a nossa cultura".

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