O Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, e o líder da oposição e antigo Presidente da República, Álvaro Uribe, não conseguiram encontrar um consenso em torno do acordo de paz assinado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), mesmo com a mediação do Papa Francisco.
Numa reunião realizada no Vaticano nesta sexta-feira, 16, Santos, prémio Nobel da Paz 2016, pediu a Francisco que o ajude a terminar uma guerra de 52 anos que matou mais de 220 mil pessoas e deslocou milhões de outras.
"Precisamos da sua ajuda", disse Santos, que em Novembro assinou um acordo de paz modificado depois de ver um pacto anterior ser rejeitado por um plebiscito.
Francisco recebeu depois o senador e ex-Presidente colombiano Uribe, que tem sido um dos críticos mais contundentes do novo acordo de paz.
Os dois antigos aliados também conversaram juntos com Francisco durante cerca de 20 minutos, como documentou o Vaticano numa foto divulgada em que Santos e Uribe estão sentados lado a lado em frente ao Papa, no seu escritório particular.
Ao que tudo indica não houve consenso.
"Eu disse ao antigo Presidente Uribe que estamos sempre prontos, como dissemos em ocasiões anteriores, a continuar o diálogo, a chegar a um acerto sobre como o acordo de paz deve ser implementado", disse Juan Manuel Santos após a reunião.
Por seu lado, Álvaro Uribe argumenta que o novo entendimento, que não inclui exigências da oposição para que os membros das Farc cumpram penas de prisão tradicionais e sejam impedidos de formar partidos políticos, não é duro o suficiente com a guerrilha.
"Se o Governo permitir espaço para examinar certas questões, poderíamos procurar opções", afirmou Uribe, reiterando a sua exigência anterior.
Francisco tem repetido apelos a um entendimento ao longo dos últimos quatro anos na Colômbia.
Na reunião desta sexta-feira, ele presenteou Santos com uma medalha e cópias das três encíclicas produzidas durante seu papado, enquanto o prémio Nobel da Paz deu ao Pontífice com uma caneta feita com uma bala de metralhadora.