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Nações Unidas acusam Vaticano de encobrir crimes sexuais


Kirsten Sandberg, presidente do Comité dos Direitos das Crianças da ONU
Kirsten Sandberg, presidente do Comité dos Direitos das Crianças da ONU

Esta é a primeira vez que a Santa Sé teve de responder a perguntas numa audiência internacional dedicada ao tema.

O Comité para a Defesa das Crianças das Nações Unidas exigiu nesta quarta-feira que o Vaticano afaste imediatamente todos os clérigos conhecidos ou suspeitos de abuso infantil e os conduza às autoridades civis, num contundente relatório sem precedentes. Também pediu ao Vaticano que reconheça o abuso sexual de milhares de crianças e entregue os seus arquivos sobre o assunto.

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Embora as recomendações não sejam vinculativas, esta é a primeira vez que a Santa Sé teve de responder a perguntas numa audiência internacional dedicada ao tema.

O comité disse estar gravemente preocupado como facto de a Santa Sé não ter reconhecido a extensão dos crimes cometidos, nem tomado as medidas necessárias para lidar com os casos de abuso sexual de crianças.

O arcebispo Silvano Tomasi testemunhou no comté: "A Santa Sé delineou com muito cuidado polícias e procedimentos desenhados para ajudar a eliminar tais abusos”.

Entretanto, o Vaticano continua a recusar entregar informações detalhados sobre mais de 4 mil casos que são do seu conhecimento.

Mark Serrano, da rede de sobreviventes de abusos dos padres, diz ter aberto um processo para obter da Igreja o reconhecimento de que foi sodomizado pelo seu padre nos anos de 1970 e 1980.

Ele afirma ainda que o padre foi transferido para uma outra paróquia onde forçou dezenas de outras crianças a ter relações sexuais com ela.

Na sua luta, Serrano, sodomizado quando tinha 12 anos, quer que todos os padres que praticaram esses actos horrendos sejam banidos, mas até agora só ouviu palavras e tentativas de tirar o assunto da agenda.

John Carr, professor da jesuíta Universidade de Georgetown, en Washington, reconhece que algo de muito errado aconteceu na sua igreja.

No entanto, Carr, que trabalhou para a Conferência dos Bispos dos Estados Unidos, minimiza a investigação da ON: “As Nações Unidas pensam assim, está bem. Eu acho que devemos ser responsabilizados. Mas mais importantes são as mudanças que acontecem todos os dias nos comportamentos, atitudes e práticas da nossa igreja".

O papa Francisco criou uma comissão para a protecção de crianças, mas críticos afirmam estar desapontados com esta resposta de um papa que está empenhado em limpar a imagem da Igreja Católica.

Hoje, após a divulgação do relatório das Nações Unidas, o Vaticano disse estar comprometido em defender e proteger os direitos das crianças.

Num comunicado, a igreja Católica afirma ir submeter o relatório da ONU a "estudos e exames", mas também acusou as Nações de interferir nos ensinamentos morais católicos porque o documento critica as posições da Igreja sobre homossexualidade, contracepção e aborto.
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