A procura de passaportes biométricos pelos mineiros moçambicanos na África do Sul ultrapassa a capacidade de oferta do Ministério do Interior para a produção dos referidos documentos.
Segundo a Delegação do Ministério Moçambicano do Trabalho, Emprego e Segurança Social na África do Sul existem cerca de 32 mil trabalhadores moçambicanos na indústria mineira sul-africana e outros 12 mil nas plantações que usam passaportes manuais e cuja circulação expira em Novembro próximo, por imposição da Organização Internacional de Aviação Civil.
Na primeira fase, cerca de seis mil trabalhadores trocaram de passaportes manuais na África do Sul, mas muitos abstiveram-se, suspeitando que se tratava de burla ou extorsão de dinheiro em nome do Governo. Outros pensavam que fosse campanha eleitoral que estava a decorrer em Moçambique.
Agora, a procura ultrapassa de longe a oferta de passaportes em tempo útil exigido pelos mineiros.
Os técnicos e maquinas instaladas para a produção de passaportes são poucos, o que provoca a fúria nos mineiros.
“Chegamos aqui e não somos atendidos até à hora de regressarmos à mina”, reclamou um mineiro que trabalha na unidade numero 8 da de Impala, de Anglo-American, na provincia sul-africana de Noroeste.
Outro acrescentou que “só produzem 30 passaportes por dia, por isso o governo devia aumentar o número de técnicos e de computadores”.
O Cônsul-geral de Moçambique em Joanesburgo visitou duas brigadas e viu in loco a fúria dos trabalhadores aparentemente desesperados.
Damasco Mathe tentou acalmar os furiosos pedindo paciência e explicou que todos vão ser atendidos.
O Consul-Geral reconheceu a fraqueza do Governo: “a nossa capacidade de oferta é diminuta e reportaremos aos níveis mais altos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e do Ministério do Interior, que superintende a área de emissão de documentos de viagem”.
A diferença entre a primeira e a segunda fases é que nesta última os passaportes são emitidos no mesmo local do pedido, enquanto na primeira foram emitidos em Maputo.
Entretanto, alguns trabalhadores inscritos na primeira fase ainda não receberam os passaportes.
O delegado do Ministério moçambicano de Trabalho, Emprego e Segurança Social, na África do Sul Adelino Espanha Muchenga disse que aqueles que ainda não receberam os seus passaportes devem fazer novos pedidos.