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Mário Soares: Líderes cabo-verdianos destacam o lutador e amigo do arquipélago


Mário Soares, com Aristides Pereira, durante uma visita a Cabo Verde, em 1986
Mário Soares, com Aristides Pereira, durante uma visita a Cabo Verde, em 1986

Líderes políticos cabo-veridanos destacaram a figura de lutador pela liberdade e o papel de Mário Soares no processo de descolonização do país, após a morte do antigo primeiro-ministro e Presidente português Mário Soares neste sábado, 7, em Lisboa.

"Há um sentimento de tristeza que nos invade pois desaparece uma das grandes figuras, das mais relevantes da política e da História portuguesas, mormente da sua democracia. Diria mesmo uma grande figura da democracia europeia e uma personalidade que tem uma ligação muito próxima com Cabo Verde e com o processo que conduziu à independência do país em julho de 1975", disse Jorge Carlos Fonseca à agência cabo-verdiana de notícias, Inforpress.

Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo Verde
Jorge Carlos Fonseca, Presidente de Cabo Verde

O chefe de Estado cabo-verdiano lembrou a ligação de Mário Soares a Cabo Verde durante o processo de independência, mas também como primeiro-ministro e Presidente de Portugal.

"Desaparecer uma figura destas para todos os que são amigos de Portugal, creio que para a grande maioria dos cabo-verdianos e para os amantes da liberdade e da democracia é uma perda enorme", disse Fonseca, que definiu Soares como “um homem da liberdade” e que combateu “quaisquer veleidades e tentações de instalação de regimes não fundados em liberdades".

Negociador da independência

Pedro Pires, antigo Presidente de Cabo Verde
Pedro Pires, antigo Presidente de Cabo Verde

Pedro Pires, antigo primeiro-ministro e Presidente de Cabo Verde, tinha uma relação pessoal muito particular com Mário Soares, desde 1974 quando ambos lideraram as delegações do PAIGC e de Portugal nas negociações para a indepedência do arquipélago.

“O Dr. Mário Soares foi uma figura que marcou a história de Portugal durante a primeira metade do século XX, quer no combate ao fascismo, quer na luta pela liberdade e democracia», disse Pires à imprensa cabo-verdiana, adiantando que “representa uma geração que em Portugal sacrificou, lutou para que tudo fosse diferente, para que houvesse um Estado Democrático e que os portugueses se afirmassem no mundo”.

O também prémio Mo Ibrhaim para a Excelência na Liderança Africana, afirmou ser hora de render a Soares “uma merecida homenagem a que ganhou direito, enquanto lutador mas também como homem do Estado”,

O antigo estadista português foi, para Pedro Pires, uma figura de vulto da esquerda democrática moderna e “um amigo de Cabo Verde”.

A nível individual, considera-o “uma pessoa com espírito combativo, que acreditava nos seus ideiais e combatia por eles, mas também “um homem audaz, corajoso e com uma grande intuição política”.

Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde
Ulisses Correia e Silva, primeiro-ministro de Cabo Verde

Amigo das ilhas

"Cabo Verde perde um grande amigo, um lutador nato, que esteve envolvido na história também de Cabo Verde, na luta que ele sempre travou pelos ideais da democracia", afirmou a jornalistas neste sábado, 7, o primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva.

O chefe do Governo cabo-verdiano destacou ainda Mário Soares como um lutador nato que esteve envolvido na história da independência de Cabo Verde, na luta que sempre travou "pelos ideais da democracia e é um homem que deve ser respeitado e a sua memoria guardada com saudade".

José Maria Neves, antigo primeiro-ministro de Cabo Verde
José Maria Neves, antigo primeiro-ministro de Cabo Verde

Por sua vez, o antigo primeiro-ministro e antigo presidente do PAICV, partido da mesma família internacional e muito próximo do Partido Socialista de Portugal, José Maria Neves descreve Mário Soares como “um homem maiúsculo, um amante da liberdade e um dos pais fundadores do Portugal democrático".

Em declarações à VOA, Neves recorda Soares como uma uma referência da história política moderna.

“Um amante da liberdade, um democrata convicto e um dos grandes da esquerda democrática europeia”, disse o antigo chefe de Governo cabo-verdiano, que recorda Soares “como um lutador contra a ditadura salazarista e um dos protagonistas da construção do Portugal livre, democrático, cosmopolita e moderno”.

José Maria Neves concluiu afirmando que “Portugal perde um dos seus filhos mais dilectos e o mundo perde um grande líder”.

A presidente do PAICV, na oposição, endereçou "condolências a Portugal e ao povo português" pela morte de Mário Soares, considerando o antigo chefe de Estado uma das "mais complexas personalidades políticas europeias".

Na sua página de Facebook, Janira Hopffer Almada recordou que Soares "dedicou a sua vida, de forma intensa, à política e à democracia".

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