O Fundo Monetário Internacional (FMI) considera que Moçambique está a registar sinais de recuperação económica, revelou Ari Aisen, representante residente da organização em Maputo.
A melhoria resulta, segundo Aisen, das políticas que estão a ser adoptadas pelo Governo e pelo Banco de Moçambique.
"A política monetária restritiva trouxe benefícios inquestionáveis", tendo em conta que Moçambique viveu uma situação de mercado cambial. completamente desestabilizado e havia muitos meticais perseguindo muito poucos dólares, disse.
Segundo Aisen, "a política monetária favoreceu a estabilização do mercado cambial moçambicano para que a oferta e a procura de moeda estrangeira fosse um pouco mais consistente com a oferta da moeda nacional dentro da economia".
O FMI organizou, na quarta-feira, 31, uma conferência sobre perspectivas económicas, em Maputo.
Restaurar a confiança
Ari Aissen revelou que estão em curso acções que podem fazer com que a confiança dos credores seja restaurada, passando pela adopção de um novo programa entre Mocambique e o FMI.
"Nós acreditamos que um novo programa do FMI poderia a restaurar a confiança dos investidores privados, dos parceiros de desenvolvimento e da sociedade civil", disse.
Aissen explicou que o FMI aguarda o progresso efectivo da auditoria da EMATUM, MAM E PROINDICUS, "e nesse aspecto nos cabe aguardar a publicação do relatório sumário e o relatório completo pela Procuradoria Geral da República".
Sobre a dívida pública, Aisen disse que "estamos num processo com as autoridades moçambicanas de actualização da análise de sustentabilidade (...) o progresso de renegociação da dívida tem enfrentado desafios, essa é uma dificuldade e tem havido um arrefecimento das negociações", disse Aisen.
"Ninguém pensa no desenvolvimento"
Waldemar de Sousa, Administrador Banco de Moçambique, disse que os indicadores apresentados pelo FMI são em conformidade com as perspectivas do banco central.
De Sousa frisou que com a auditoria internacional às dívidas realizada pela Kroll, Moçambique tem uma oportunidade para demonstrar o seu cometimento às boas práticas, transparência e rigor em relação ao que o seu relatório mostrar.
Na conferência do FMI, o economista Luis Magaço lamentou que "desde o desaparecimento do Ministério da Planificação e Desenvolvimento não vejo ninguém a pensar em desenvolvimento, tudo que se pensa é matéria monetária e de facto quem está a fazer as políticas de desenvolvimento deste país é o Banco Central, não há planificação".
Magaço questionou: Como é que se criam "infraestruturas para se desenvolver este país? Quem é que toma o pensamento de conduzir a criação de mercados, a criação da capacidades das empresas, a capacidade institucional, quem é que pensa nas pequenas e médias Empresas"?