O partido no poder na Polónia quer perguntar aos eleitores, através de um referendo, se apoiam a aceitação de "milhares de imigrantes ilegais do Médio Oriente e de África", como parte de um plano de relocalização da União Europeia, disse o primeiro-ministro no domingo, numa altura em que o seu partido conservador procura manter o poder nas eleições parlamentares de outubro.
Mateusz Morawiecki anunciou a questão do referendo num novo vídeo publicado nas redes sociais. O vídeo indica que o seu partido, Lei e Justiça, está a tentar utilizar a migração na sua campanha eleitoral, uma tática que o ajudou a chegar ao poder em 2015.
A Polónia acolhe mais de um milhão de refugiados ucranianos, na sua maioria brancos e cristãos, mas as autoridades há muito que deixaram claro que consideram os muçulmanos e outras pessoas de culturas diferentes como uma ameaça à identidade cultural e à segurança do país.
Em junho, os ministros do Interior da UE aprovaram um plano para partilhar a responsabilidade pelos migrantes que entram na Europa sem autorização, o que está na origem de uma das mais longas crises políticas do bloco.
O Governo polaco quer realizar o referendo a par das eleições legislativas, previstas para 15 de outubro. Morawiecki disse que a pergunta seria a seguinte: "Apoia a admissão de milhares de imigrantes ilegais do Médio Oriente e de África ao abrigo do mecanismo de deslocalização forçada imposto pela burocracia europeia?"
"Querem deixar de ser donos do vosso próprio país?"
O vídeo que anuncia a pergunta inclui cenas de carros em chamas e outros actos de violência nas ruas da Europa Ocidental. Um homem negro lambe uma faca enorme em aparente antecipação de cometer um crime. O líder do partido, Jaroslaw Kaczynski, diz então: "Querem que isto aconteça também na Polónia? Querem deixar de ser donos do vosso próprio país?"
Os líderes anunciaram duas outras perguntas nos últimos dias. Uma delas vai pedir a opinião dos eleitores sobre a privatização das empresas públicas e a outra vai perguntar se apoiam o aumento da idade da reforma, que o Lei e Justiça baixou para 60 anos para as mulheres e 65 para os homens.
As perguntas foram concebidas para apresentar o partido da oposição, Plataforma Cívica, como uma ameaça aos interesses dos polacos. O partido pró-empresarial e pró-UE, que governou entre 2007 e 2015, aumentou a idade da reforma durante o seu período no poder, favoreceu algumas privatizações e manifestou vontade de aceitar alguns milhares de refugiados antes de perder o poder.
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