O activista Carbono Casimiro desmentiu neste sábado, 27, informações postas a circular ontem à noite pela Angop, agência de notícias de Angola, de que tenha pedido asilo político na Embaixada dos Estados Unidos em Luanda. Carbono é acusado de crime de rebelião e atentado contra o Presidente da República, assim como os demais 15 activistas presos no dia 20 e que foram agora transferidos para a cadeia de Calumboloca, a 70 quilómetros de Luanda.
“Estou no Rangel e toda a informação sobre um alegado asilo é falsa", disse Dionisio Gonçalves Casimiro à VOA por telefone a partir da capital angolana.
Conhecido por Carbono Casimiro, o activista cívico e rapper, acusado pela Procuradoria-Geral da República de “crime de rebelião e atentado contra o Presidente da Républica, diz estar a colocar “diversas fotos no meu portal para mostrar onde estou”.
Segundo a Angop, Carbono, “membro de um auto-denominado Movimento Revolucionário de Angola (MRA), apresentou-se na passada segunda-feira nas instalações da Embaixada dos Estados Unidos, onde solicitou asilo político”, alegadamente “por temer pela sua segurança, uma vez que os outros membros do grupo foram detidos”.
Ainda de acordo com a agência oficial de notícias, “as suspeitas do envolvimento de Dionísio Gonçalves nos planos de desestabilização em Angola assentam em provas concludentes, recolhidas pelas autoridades de investigação”.
Segundo essas provas, “na sua residência estava a ser montada uma estação de televisão online, financiada pela Fundação Open Society, uma organização não-governamental internacional, dirigida pelo especulador financeiro George Soros, que promove a desestabilização de regimes democráticos”.
A suposta estação de televisão, ainda de acordo com a Angop, “iria servir para apoiar os planos de rebelião e desestabilização em Angola”.
Na segunda-feira, 22, em entrevista à VOA, Carbono Casimiro disse ter sido apanhado de surpresa, quando soube que agentes da polícia angolana estavam em sua casa a recolher todo o material informático que lhe pertencia.
Carbono, que diz estar afastado das lides do activismo cívico por questões pessoais, considerou tratar-se de um abuso de autoridade, pois até ao momento da entrevista já a busca tinha decorrido mas não tinha recebido qualquer notificação.
No texto da Angop, que temos vindo a citar, lê-se que “a residência de Dionísio Gonçalves foi alvo de buscas do Serviço de Investigação Criminal e no local foram encontradas provas muito fortes do envolvimento de Carbono na actividade criminosa”.
Carbono disse à VOA não estar em fuga de ninguém: "Conheço bem a polícia que temos, carrascos, carniceiros, mas não vou fugir de ninguém, não fiz nada, não tenho medo".
Entretanto, os 13 activistas e dois jornalistas detidos a 20 de Junho e acusados de promoverem um golpe de Estado pela via da desebediência civil, segundo o Procurador-Geral da República, foram transferidos para a cadeia de Calumboloca, a 70 quilómetros de Luanda.