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Brasil: Dificuldades e incertezas marcam 2016


Cartazes contra a Presidente Dilma na manifestação em Belém do Pará
Cartazes contra a Presidente Dilma na manifestação em Belém do Pará

Além do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a justiça fechou o cerco contra os políticos e empreiteiros corruptos.

As incertezas políticas, sociais e económicas no Brasil no fim de 2015 ainda incomodam a população e certamente vão continuar presentes em 2017.

Brasil: Retrospectiva 2016
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Doze milhões de brasileiros estão desempregados. Este ano, foram três milhões de pessoas a mais sem emprego, um aumento de 33,9%. Os dados são do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Em consequência, milhares de famílias estão endividadas, o poder de compra delas caiu e a inflação aumentou. Nas ruas, o que mais se houve dos trabalhadores é que as dívidas aumentam. A prioridade é quitá-las.

Especialistas afirmam que o Brasil não deve retomar o seu crescimento em 2017. A sensação de uma leve melhoria na economia pode surgir apenas no segundo semestre, diz o economista Eduardo Coutinho.

“As pessoas devem priorizar o pagamento das dívidas (...) e quem não tem dívidas, o ideal é guardar dinheiro", diz Coutinho.

Para este economista, "a sensação de melhoria só deve vir no segundo semestre do ano que vem".

Na política, um ano cheio de turbulências. Além do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a justiça fechou o cerco contra os políticos e empreiteiros corruptos. A Lava Jato ganhou mais força e colocou na cadeia dezenas de investigados. Entre eles, o ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.

Os grandes partidos brasileiros PT, PMDB e PSDB também não escaparam das denúncias de corrupção e estão na mira da justiça. Até mesmo funcionários públicos foram afastados por envolvimento em actos ilícitos.

O cientista político Paulo Diniz chama a atenção para a legitimidade do sistema político brasileiro. Apesar de um ano complicado, cheio de intervenções judiciais, 2016 chega ao fim sem registro de violência.

“Considerando este ano de intensa turbulência política no Brasil, acredito que os acontecimentos que tivemos não teriam sido tão pacíficos se a maior parte da população não tivesse participado da escolha dos governantes que estavam se enfrentando durante este ano", diz.

Ele continua: "Todo o processo de afastamento da presidente Dilma Rousseff foi feito por agentes políticos legítimos e reconhecidos pela população como legítimos. Creio que esse factor foi essencial para que o processo de impeachment transcorresse todo ele dentro do sistema político e não a partir de distúrbios, de desordens civis ou acontecimentos mais graves e com vítimas”.

Na saúde, os graves problemas continuam. O governo não consegue proporcionar um atendimento eficaz à população. Os hospitais permanecem lotados e faltam médicos, principalmente no interior.

A população de baixa renda sofre ainda mais com a infraestrutura precária. E para complicar, neste período chuvoso, é hora de o mosquito Aedes aegpty se alastrar pelo Brasil deixando milhares de pessoas doentes com zika, dengue e febre chikungunya.

Por fim, a segurança pública no Brasil está longe do ideal. O último anuário elaborado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta que os casos de violência no país ainda são altos.

Cinco estupros foram registrados por hora no Brasil. Um carro foi roubado a cada minuto. Todos os dias, pelo menos, nove pessoas morrem em decorrência de intervenção policial. E, pelo menos, um polícia é morto, durante o expediente ou fora dele.

O director-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, entende que esses números apresentados no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública servem de alerta à polícia.

“Os números publicados podem ser vistos como um pedido de socorro para que a polícia entenda que o trabalho que ela faz, por mais importante e reconhecido que seja, não está atendendo as expectativas da população”, afirmou em entrevista à Rádio CBN.

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