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Depois do fracasso de Bissau as atenções viram-se para Abidjan


Militares guineenses à saida de conferencia de imprensa em Bissau (Arquivo)
Militares guineenses à saida de conferencia de imprensa em Bissau (Arquivo)

Delegação técnica da CEDEAO não caucionou a proposta do Comando Militar sobre a força estrangeira e remeteu tudo a cimeira de Quinta-feira

Na Guiné-Bissau as atenções estão viradas para a cimeira de amanhã em Abidjan da CEDEAO, depois de uma série de reuniões inconclusivas em Bissau entre o Comando Militar e a delegação técnica desse órgão sub-regional.

A falta de entendimento entre os militares guineenses e os técnicos da CEDEAO, deveu-se ao facto de ter sido exigido aos golpistas que aceitem o envio de uma força de estabilização de 600 compostas susceptível de garantir a substituição da contingente militar angolano da Missang.

O envio da força proposta pela CEDEAO não acolheu a concordância dos militares e pelo que a Voz da América apurou que o Comando Militar disse que não estava em posição de caucionar a presença de um tal contingente e remeteu toda decisão as autoridades civis, e no caso em concreto, a presidente interino da Assembleia Nacional Popular.

Foi então instalado o impasse com a delegação da CEDEAO a afirmar que só está mandatada a negociar com os militares. Uma fonte do Comando militar adiantou a Voz da América que no seu entender, para assegurar a retirada da Missang não era necessário o envio de uma força de uma tal dimensão, mas sim 5 dezenas de observadores quer sejam militares ou não.

A Comissão da CEDEAO registou as propostas do Comando Militar para uma eventual resposta na reunião de Quinta-feira em Abidjan.

Entretanto na vertente social, o salário da função pública habitualmente pago a 25 de cada mês encontra-se atrasado. Um comunicado do Comando Militar divulgado em Bissau afirma que não será possível o pagamento dos salários aos funcionários públicos com é habitual no dia 25 deste mês, devendo no entanto serem pagos provavelmente na próxima semana, assim que terminar as negociações com a comissão técnica da CEDEAO.

Este anúncio do Comando Militar surge numa altura em que existe uma forte pressão das centrais sindicais que decidiram por uma greve geral da administração pública guineense por tempo indeterminado em condenação ao golpe de Estado.

Também os partidos políticos reunidos numa coligação anti-golpe promoveram encontros de reflexão nas diversas sedes do PAIGC por todo o país condenando o golpe militar. As reuniões foram organizadas sob o lema “queremos o governo que nos pague os salários”. Uma mensagem clara de repúdio ao não pagamento hoje dos ordenados ao contrário do que tem sido habitual nos últimos anos.

E para falar dessas negociações em curso entre os militares guineenses e a CEDEAO assim como das iniciativas diplomáticas da União Africana e das Nações Unidas, a Voz da América ouviu o diplomata e acadêmico cabo-verdiano, Corsino Tolentino.

O embaixador Tolentino analisa igualmente o atraso do pagamento dos salários da função pública e evoca o seu reflexo na gestão corrente do país pelos militares.

Oiça o segmento sonoro a segur...

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