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Brasil: Governo faz recenseamento nutricional de populações negras


Brasil: Governo faz recenseamento nutricional de populações negras
Brasil: Governo faz recenseamento nutricional de populações negras

O governo brasileiro iniciou um recenseamento nutricional nas comunidades quilombolas formadas por descendentes de escravos negrosl

O governo brasileiro iniciou um recenseamento nutricional nas comunidades quilombolas, formadas por descendentes de escravos negros que vivem no Brasil. O objetivo é conhecer a situação nutricional e alimentar de 173 grupos étnico-raciais, hoje excluídos de políticas públicas brasileiras.

O levantamento chega cinco anos depois de outro estudo, com 60 comunidades quilombolas, que apresentou, em 2006, resultados preocupantes, sobretudo com relação ao alto índice de desnutrição entre as crianças.

“O censo vai abranger 11 mil famílias de afrodescendentes que não têm acesso hoje a nutrição, atendimento médico, saneamento básico e até água potável”, explica o Coordenador Geral de Avaliação da Demanda da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Alexandro Rodrigues Pinto.

“A situação do país melhorou, desde 2006, mas achamos que ainda vamos encontrar uma situação de insegurança alimentar nessas comunidades maior do que no resto do Brasil,” afirma Pinto. Segundo ele, um dos motivos da pesquisa é dar visibilidade a essas comunidades. “Elas foram criadas como refúgio de escravos e, por isso, ficavam isoladas. Depois, no entanto, existiu uma questão cultural de exclusão fazendo com que as políticas públicas não chegassem aos quilombolas. Um dos objetivos é levantar informações para que possamos direcionar políticas públicas para esse público especifico,” conclui.

O representante do Ministério do Desenvolvimento Social admite que o censo, de certa forma, perpetua a invisibilidade dessas comunidades, já que somente 173, de mais de duas mil, serão contempladas. O levantamento só vai trabalhar com as comunidades quilombolas já “tituladas” pelo governo brasileiro, num processo de titulação que pode levar até 10 anos. “O que estamos fazendo é uma aproximação sucessiva. A primeira pesquisa, de 2006, envolveu 61. Agora, ampliamos para 173, mas sabemos que elas não representam o universo total. É apenas um passo de muito outros que precisam ser dados”, explica.

O estado do Maranhão concentra, na região Nordeste, o maior número de comunidade quilombolas. “Nesse estado, o índice de segurança alimentar é muito ruim. Mas, no estado do Pará, também existe uma grande concentração de quilombolas e achamos que a realidade também pode ser pior do que no resto do Brasil,” conclui Alexandro Rodrigues Pinto.

O censo nutricional segue até ao final de Julho ou início de Agosto. Os primeiros resultados do censo deverão ser conhecidos em Novembro, o mês da consciência negra.

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