As declarações de José Eduardo dos Santos sobre os 15 mil milhões de dólares que alegadamente deixou nos cofres do Banco Nacional de Angola (BNA) quando deixou o poder em Setembro de 2017 continuam a suscitar dúvidas e reacções.
Se, de um lado, alguns questionam a afirmação de João Lourenço de que encontrou os cofres do Estado vazios ou em vias de serem esvaziados, outros lembram que Santos pode ter usado um mecanismo economicista e semântico para encobrir a realidade.
Especialistas têm chamado a atenção para o facto de os 15 mil milhões de dólares que o antigo presidente disse ter deixado no BNA não significar que eram valores para manter a máquina no Estado e alavancar a economia, mas não somente reservas para compras no exterior.
Uma semana depois das afirmações do antigo Presidente, os angolanos continuam a questionar tanto as declarações como a existência desse montante.
Nos diversos círculos de Luanda, a voz corrente é que há que saber quem está a dizer a verdade e quer-se saber onde está o dinheiro.
Comissão de Inquérito
O deputado e porta-voz da CASA-CE, Lindo Bernardo Tito, defende a criação de uma comissão de inquérito, “do Parlamento ou da Procuradoria-Geral da República, para investigar as afirmações do antigo Presidente e tentar saber o paradeiro do dinheiro”.
A mesma opinião é manifestada pelo jurista Pedro Kaparacata que, no entanto, atribui à Procuradoria-Geral a realização do inquérito.
“A nível da PGR é importante que se crie uma comissão de inquérito para se averiguar onde está e com quem está o dinheiro”, sublinhou.
Noutros círculos, independentemente de quem fizer o inquérito, o importante é que saiba se existia ou não o dinheiro.
Por seu lado, o activista e músico Luaty Beirão duvida que alguma comissão possa chegar a uma conclusão porque nunca aconteceu no passado, mas ele quer saber a verdade.
“Não sei qual é a comissão, não diria da PGR, não sei, o que é mais importante é que se esclareça a verdade”, defendeu Beirão.
Uma semana depois das afirmações do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, João Lourenço, que na altura encontrava-se em Portugal, ainda não reagiu.
Entretanto, hoje no Parlamento, o ministro de Estado para o Desenvolvimento Económico e Social de Angola remeteu para amanhã, 29,informação sobre o estado das finanças públicas até às eleições gerais de 2017,
Acredita-se que poderá ser esclarecida a dúvida sobre as reservadas anunciadas por José Eduardo dos Santos.