Angola faz face a “desafios políticos muito grandes” na sua caminhada para “a democracia e unidade nacional,” disse Sebastião Martins, antigo Ministro do Interior e autor de um livro acabado de publicar intitulado “Labirinto Modernos – As revoluções pós modernas e os caminhos da incerteza global”.
Martins falava no programa “Angola Fala Só” que decorreu animadamente e que versou essencialmente a sua obra e o seu passado como político no governo angolano.
Martins considerou que os desafios que Angola enfrenta devem envolver todos os cidadãos e todas as forças políticas do país. Estes, disse ele, devem fortalecer o seu papel no processo político tornando-se “mais construtivos”.
Para Sebastião Martins o slogan “o mais importante é resolver os problemas do povo” não é um slogan só do MPLA.
“É um slogan que deve ser de todos os angolanos e de todos os partidos”, disse.
Sendo o seu livro dedicado no essencial à chamada “Primavera Árabe” de revoluções e tentativas de revoluções, Sebastião Martins disse que surgiram na altura interrogações sobre a possibilidade de uma “primavera angolana” como reflexo do que se passava nos países árabes.
“A conclusão a que eu cheguei é que não se colocava essa possibilidade porque eram realidades totalmente diferentes”, disse.
Para Martins, as “Primaveras Árabes” foram despoletadas “não por razões politicas mas por razões meramente sociais”.
Embora em Angola houvesse algumas situações próximas do que se passava nos países árabes “havia mais elementos que a distanciavam e não sustentavam a hipótese de Angola viver uma primavera”, explicou.
Sebastião Martins defendeu a sua actuação enquanto Ministro do Interior entre 2010 e 2012 - período em que foi também chefe dos Serviços de Inteligência e Segurança de Estado -, afirmando que na altura defendeu sempre a perspectiva de “estar próximo daquele que é o destinatário da nossa actividade que é o cidadão”.
A sua actuação não foi “unanimemente aplaudida” mas ele considera-se de ter sido um êxito.
Interrogado por um ouvinte se teria sido sobre o seu mandato que teria havido uma enorme repressão em Angola, Sebastião Martins disse que isso decorre de ter havido uma maior actividade das forças sob sua tutela.
Em 2012, disse, vivia-se um período pré eleitoral “e naturalmente foi um período de alguma agitação e por isso terá havido alguma visibilidade de actuação das forças na sua resposta a situações de violação ou alteração da ordem”.
“Mas não é verdade que tenha sido um período de maior repressão,” ressalvou.
O antigo ministro diz “que teria sido um período de maior visibilidade”, acrescentando que a realidade angolana “ainda está consolidar-se do ponto de vista do comportamento de todos”, incluindo” cidadãos em geral, as forças policiais, forças politicas”.
“Não se pode pensar que a actuação de todos nós tenha sido em todos os momentos a mais perfeita e reconheço que naquela altura poderá ter havido excessos de uma ou outra forma”.
“Isto não pode ser interpretado como um comportamento generalizado”, acrescentou, afirmando que na altura a sua luta “foi sempre apostar na formação dos efectivos” de acordo com os direitos e deveres de cidadania.
Sebastião Martins está a elaborar um livro de pesquisa sobre o seu pai André Martins que participou na luta de libertação nacional e também a preparar uma “sequência” do livro agora acabado de publicar.