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Angola Fala Só - A vinda de médicos cubanos “é um negócio”


Dra. Laurinda Francisca Quiangala e Dr. Adriano Manuel, pres. do Sindicato dos Médicos de Angola
Dra. Laurinda Francisca Quiangala e Dr. Adriano Manuel, pres. do Sindicato dos Médicos de Angola

A vinda de médicos cubanos para Angola é “um negócio”, uma forma de “roubar dinheiro” e “impedir que angolanos trabalhem”, disse no programa “Angola Fala Só” o Dr. Adriano Manual, presidente do Sindicato dos Médicos angolanos.

No programa participou também a Dra. Laurinda Francisca Quiangala que classificou de “falta de respeito e consideração” o argumento “falso” de alguns membros do governo que os médicos angolanos não querem trabalhar em algumas zonas do país.

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Os dois médicos saudaram no início do programa as medidas de prevenção adoptadas pelo governo para combater o coronavírus.

Se isso não tivesse sido feito teria havido “um descalabro” no sistema de saúde em Angola que é muito fraco, concordaram.

A Dra. Laurinda sublinhou no entanto que muitos na população ainda não levam a sério o programa de prevenção.

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“Por termos números muito reduzidos a nossa população acha que de certo modo estamos imunizados”, disse acrescentando poder verificar-se que “muitos não levam com seriedade” as medidas de prevenção.

Foi contudo a questão da vinda de médicos cubanos que mereceu mais atencão por parte dos dois convidados do “Angola Fala Só’ com ambos começando por insurgirem-se contra declarações de membros do governo que os médicos angolanos não querem ir para as zonas mais remotas do país sendo médicos cubanos que asseguram essa cobertura.

O Dr. Adriano Manuel fez notar que as condições oferecidas não são as mesmas. Os profissionais cubanos recebem subsídios de alimentação, comunicação e condições de habitação que não são dadas aos angolanos.

Para além disso os cubanos vão por um determinado período de tempo enquanto os angolanos não sabem porquanto tempo vão lá ficar e não têm assim perspectivas de formação ou especialização.

“Os angolanos ficam cinco, seis anos sem perspetivas de formação”, disse o dirigente sindical dos médicos que deu o exemplo de um grupo de médicos angolanos que assinou um contracto de três anos para trabalhar numa determinada província que a um mês do fim do contracto ainda não sabem o que vão fazer ou para onde vão.

A Dra. Laurinda Quiangala concordou que o argumento do governo de que os angolanos não querem ir para as províncias não tem validade.

“É uma ofensa, uma falta de respeito e consideração pelos médicos angolanos”, disse a médica angolana que para além das diferentes condições de trabalho mencionou também os salários dos médicos angolanos que qualificou de “lastimável”.

Nesta questão salarial o Dr. Adriano Manuel fez notar que o governo angolano paga ao governo cubano entre cinco mil e seis mil dólares mensais para cada médico mas disse desconhecer quanto é que o governo cubano paga depois aos seus médicos.

Por outro lado médicos cubanos dão aulas nas universidades angolanas para valorizar os cursos mas os médicos angolanos acabados de formar continuam desempregados enquanto o governo angolano continua a recrutar médicos cubanos.

“Isto é um negócio, uma forma de roubar dinheiro ao impedir-se que os angolanos trabalhem”, disse o Dr. Adriano.

“Para os grandes corruptos deste país interessa a vinda de médicos cubanos porque com médicos angolanos não conseguirão tirar o dinheiro”, disse acrescetando que o coronavirus foi um pretexto para se mandar vir mais médicos cubanos.

“Há muita genta a ganhar muito dinheiro (com o coronavírus) mas de malária morreu até agora um número muito superior de gente”, acrescentou, afimando ainda que “há muitos médicos que vêm para aqui como especialistas que não são especialistas” e outros que “vêm para aqui que não são sequer médicos”.

O Dr. Adriano Manuel disse que o sindicato está à espera de um pedido de audiência com o Presidente da República para discutir os problemas da classe.

‘A ministra da Saúde decidiu não dialogar com os médicos de Angola”, acrescentou.

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