A África do Sul continua a liderar os países africanos no principal ranking mundial de universidades. Seis instituições sul-africanas estão na lista, publicada pelo Times Higher Education (THE), revista britânica que faz os principais rankings internacionais de ensino superior. Neste ano, Uganda, Nigeria, Quênia, Gana e Egito entraram para a elite mundial do ensino superior, que já contava com Marrocos.
A Universidade de Cape Town, na África do Sul, a mais bem colocada do continente, subiu da 124ᵃ posição no ano passado para 120ᵃ neste ano. A Universidade de Witwatersrand, também na África do Sul, é segunda africana a figurar na lista e está no grupo entre as posições 201 e 250 – no ano passado, a universidade estava entre a 251ᵃ e 275ᵃ posições.
Na lista, as universidades são citadas por posição até o 200º lugar e, depois disso, enquadradas em grupos até a 800ª posição.
Neste ano o ranking passou a calcular as 800 melhores universidades do mundo, um total que representa 4% de todas as instituições de ensino superior. Até o ano passado, a lista considerava apenas as 400 melhores.
De acordo com John Gill, editor do Times Higher Education, universidades africanas entraram no ranking porque neste ano uma nova e maior base de dados de pesquisas científicas foi usada para calcular o número de publicações. A database, chamada Elsevier, inclui outros idiomas além do inglês, o que favorece universidades locais. "Isso importa para universidades africanas porque permite que elas comparem o seu desempenho com outras universidades no mundo. Não somente com a elite global, que talvez não seja possível alcançar atualmente, mas outras instituições na Ásia e na América Latina, por exemplo," disse Gill.
Marrocos, país no norte da África, caiu drasticamente cerca de 300 posições. A universidade de Marrakech Cadi Ayyad, única representante da nação, saiu do grupo entre 301-350 para a categoria entre 601-800. A queda ocorreu porque o número de citações da universidade em pesquisas científicas diminuiu – a nota nesse quesito caiu de 83 no ano passado para 12 neste ano.
Com mais posições, universidades de Uganda, Nigéria, Quênia, Gana e Egito foram listadas.
Nenhuma universidade de Angola, Cabo Verde, Moçambique, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe foram citadas no ranking.
Para John Gill, as universidades africanas precisam focar em investimento estratégico para melhorarem sua competitividade internacional. Um dos problemas, aponta ele, é a dificuldade em manter acadêmicos de alto desempenho no quadro de funcionários, já que esses profissionais normalmente são contratados por universidades dos EUA e do Reino Unido. "É difícil para as universidades africanas manterem esse talento acadêmico em casa, simplesmente porque as universidades não têm reputação ou em outros casos não têm os salários necessários para manter esses talentos."
Desempenho brasileiro voltou a cair
Apesar de ser uma das mais importantes economias emergentes do mundo, o país ainda não possui sequer uma universidade entre as 200 melhores.
No ranking deste ano, a Universidade de São Paulo (USP), principal universidade brasileira, caiu de posição. Ela está na lista entre o 251º e 300º lugares. No ano passado, a situação da universidade era melhor: estava entre os 201º e 225º lugares - o THE não revela a posição exata de cada instituição a partir do 200º lugar.
Com mais posições no ranking, outras 16 universidades brasileiras apareceram na lista. Apesar do aumento de instituições, o Brasil ainda está atrás de outras economias emergentes, como a China, que possui 37 instituições na lista, e Rússia, que possui menos universidades que o Brasil no geral, mas que estão mais bem ranqueadas que as brasileiras.
Para John Gill, editor do Times Higher Education, o principal problema brasileiro é a falta de investimento. “Para o Brasil crescer significativamente no ranking é necessário investir e ter uma abordagem nacional estratégica para o financiamento, em especial de pesquisas, para mudar esse cenário”.
Topo da lista
No topo da lista continua, desde 2012, o Instituto de Tecnologia da Califórnia. A segunda colocada é a Universidade de Oxford, do Reino Unido, seguida pela Universidade de Stanford.