As centenas de famílias desalojadas das Salinas, em Benguela, têm até 27 de Novembro para abandonar a escola do magistério onde se encontram há cinco meses, mas os seus representantes advertem que só faz sentido um regresso ao bairro de onde foram desalojados.
Datado de 12 de Novembro, o ultimato da Administração de Benguela refere que o magistério ‘’Lúcio Lara’’ foi escolhido para acomodação provisória, apontando para espaços cedidos gratuitamente na localidade do Uche, a mais de quinze quilómetros da escola.
Em nome da comunidade, Jorge Lino afirma que o litígio não tem fim à vista.
‘’Nós só regressamos às salinas, nosso bairro de origem”, disse.
Sobre o fato de a administração ter já iniciado a venda desses terrenos Lino avisou que isso não deve acontecer.
“Ai de quem comprar terrenos, essa guerra vai continuar. Aquelas terras não são virgens, são habitadas há muito tempo. Tudo isso é a máfia na Administração’’, disse,
O ex-morador das Salinas lamentou a forma como tomou conhecimento deste convite de abandono da escola onde se encontram.
‘’A Administração está cheia de medo, nunca passou por cá, mas graças aos nossos ‘satélites’ temos conhecimento”, acrescentou. ‘’Querem nos colocar numa área abandonada, uma área de pastagem. Talvez por acharem que somos animais’’, acrescentou o ex-morador.
A ausência de governantes é criticada também pelo director executivo da organização não governamental ‘’Friends Of Angola’’, Florindo Chivicute, que esteve a visitar o magistério.
‘’A administradora, o governador e o vice-governador, supostamente envolvidos nessas decisões, desalojaram e abandonaram mais de trezentas famílias. Elas estão sem água, sem saneamento’’, aponta o activista.
A Administração Municipal de Benguela, que opta por dar a conhecer as suas posições por via de comunicados, negando entrevistas, avisa que o não cumprimento do “convite de abandono” é passível de procedimento coercivo.