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Angola Fala Só - Angelo Kapwatcha: Em Angola há “uma cultura do medo, não há coragem e as pessoas sofrem em silêncio”


Angelo Kapwatcha, professor universitário e activista dos direitos humanos
Angelo Kapwatcha, professor universitário e activista dos direitos humanos
27 Jun 2014 AFS - Angelo Kapwatcha
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Angelo Kapwatcha o convidado do Angola Fala Só desta sexta-feira – presidente do Fórum do Desenvolvimento Universitário, professor universitário e activista dos direitos humanos - foi acima de tudo questionado sobre educação, mas também sobre direitos humanos.

As perguntas dos ouvintes versaram na sua maioria questões de educação – acima de tudo a questão latente da reforma educativa (bem concebida na opinião do nosso convidado, mas que na prática não deu o que se esperava à partida), da monodocência, da qualidade do professor e da qualidade do próprio aluno.

Kapwatcha falou também das assimetrias educativas como manifestadas na atribuição dos orçamentos às províncias e de como a ideia da reforma educativa teve boas sementes, mas cujos frutos não parecem estar a ser os melhores. “Reforma educativa não aconteceu no plano estratégico mais desejado, tem uma insuficiência” e afecta os planos em todas as províncias disse o nosso convidado porque, entre outros factores, há insuficiência de infra-estruturas e a tutela política interfere com essa reforma.

Uma outra pergunta do auditório foi a questão da exclusão educativa a que o nosso convidado disse que “educação para todos” já pressupõe inclusão, mas Angola tem problemas de exclusão social, em que a escola tem sido um factor de exclusão social – isto porque um ensino “minimamente qualitativo está no sector privado, e aqueles que não tem possibilidade financeira são automaticamente excluídos dessa educação de qualidade.” A pobreza crónica em Angola para a maioria da população significa exclusão de uma educação e uma saúde de qualidade. Uma exclusão que provoca a nível assimetrias a nível provincial. “Para se combater a exclusão é preciso que o governo melhore todas as suas políticas no conjunto sem exclusão de classes, sem exclusão de etnias, sem a exclusão geográfica” acrescentando que a grande fatia do bolo orçamental (70%) está concentrado em Luanda e estrutura central – o remanescente vai para o resto do país o que provoca défice e exclui essas populações e cria uma situação de distribuição injusta do orçamento geral do estado.

Outro tema abordado foi os direitos humanos violações dos direitos humanos, incluindo os económicos em que as pessoas estão pobres por falta de vontade política de combater a pobreza, as mortes nos hospitais porque as pessoas morrem nos hospitais porque não tem medicamentos, as pessoas a quem lhes são destruídas as casas sem recompensa, as pessoas que morrem às mãos dos delinquentes, e “acima de tudo temos tortura nas prisões, execuções extrajudiciais…perseguições que terminam em mortes.” Mas frisou Angelo Kapwatcha há a prerrogativa de reclamar, fazer queixa, as “pessoas não podem aceitar ser violentadas … pelas instituições do estado.”

Na opinião do convidado, as organizações dos direitos humanos não são bem-vindas e encorajadas pelo estado e no caso de angola as denúncias criam perseguições e só organizações com coragem avançam e “as organizações internacionais que financiavam organizações dos direitos humanos estão a ser desencorajadas pelo próprio estado a não financiar…chantagem económica está a levar ao fecho de muitas organizações.”

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