Lourenço pede respeito à Justiça, políticos e juristas apontam o dedo à influência do PR

O Presidente angolano João Lourenço espera no encontro com Secretário de Estado norte-americano Antony Blinken no Palácio Presidencial em Luanda, a 25 de janeiro de 2024.

Presidente angolano considera que a "suspeição permanente mina a credibilidade das instituições e atrasa o processo de consolidação da democracia".

O Presidente angolano, João Lourenço, manifestou-se contra a "suspeição permanente" à volta das instituições, das leis e do sistema de justiça angolanos.

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João Lourenço lamenta “suspeita permanente” to sistema judicial – 4:18

Políticos e analistas politicos em Luanda consideram que a falta de confiança e de credibilidade nas instituições públicas reside na influência que João Lourenço exerce sobre o poder político instituído.

Na sua página do Facebook, o Chefe de Estado escreveu na terça-feira, 28, que "a suspeição permanente mina a credibilidade das instituições e atrasa o processo de consolidação da Democracia".

Para Lourenço, "o respeito às leis e às instituições é a base da construção de um Estado Democrático de Direito".

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Na opinião do jurista Lindo Bernardo Tito, a mensagem deixada pelo Presidente tem um sentido de "auto-proteção por suspeição de influenciar ostensivamente o papel dos tribunais e dos órgãos de instrução sempre que um determinado processo tem envolvimento de pessoas ligadas ao poder político”.

Publicação do Presidente João Lourenço no Facebook.

“É uma auto-proteção inútil”, acrescenta aquele Tito para quem “a lavagem do rosto do nosso sistema de justiça deve ser feita com actos práticos como é o caso da clarificação da situação do atual presidente do Tribunal Supremo”.

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Para o deputado da UNITA, Maurilio Luiyele, não são as suspeições que comprometem a credibilidade das instituições do Estado , mas sim, “a impunidade que se assiste em relação a atos flagrantes de corrupção”.

O presidente da CASA-CE, Manuel Fernandes, aponta a falta de credibilidade na justiça que está na “dependência dos tribunais ao poder executivo".

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"O órgão que deveria conferir a justiça às vezes é o mesmo que promove a injustiça”, conclui Fernandes.

Este ponto de vista é, entretanto, contrariado pelo Presidente, João Lourenço, que defende ser "mister que continuemos a proteger o prestígio dos tribunais, para que o nosso sistema de Justiça seja cada vez mais forte e esteja à altura das expectativas legítimas dos cidadãos".