A Casa Branca saudou no sábado a cimeira do G20 deste ano como um sucesso, afirmando que o comunicado final contém "parágrafos consequentes" sobre a invasão da Ucrânia pela Rússia - apesar da notável omissão da palavra "Rússia" nesses parágrafos, o que suscitou fortes críticas do governo ucraniano.
O Conselheiro de Segurança Nacional, Jake Sullivan, descreveu o acordo - alcançado no primeiro dia da reunião em Nova Deli - como um "marco significativo para a presidência da Índia e um voto de confiança de que o G20 pode reunir-se para abordar uma série de questões prementes".
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A cimeira também foi marcada pela ausência de dois líderes importantes: o Presidente russo Vladimir Putin e o Presidente chinês Xi Jinping. Ambos foram representados por altos funcionários.
"A declaração do G20 inclui um conjunto de parágrafos consequentes sobre a guerra na Ucrânia", disse Sullivan aos jornalistas. "Do nosso ponto de vista, a declaração defende muito bem o princípio de que os Estados não podem usar a força para obter aquisições territoriais", afirmou Sullivan.
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O comunicado de 29 páginas, que aborda questões como o comércio, o crescimento económico e o desenvolvimento, as alterações climáticas, a reforma das instituições multilaterais, a tecnologia, a fiscalidade, a igualdade entre homens e mulheres, entre outras, foi elaborado no primeiro dia da reunião.
No comunicado, os líderes do Grupo dos 20 países com economias mais importantes e em desenvolvimento apelaram a uma "paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia", mas não apontaram a Rússia como o agressor. O grupo também concordou que o uso de armas nucleares é "inadmissível".
Veja Também Rússia bloqueará declaração do G20 se as suas opiniões forem ignoradas, diz Lavrov"Ao retirarem a palavra Rússia e a palavra agressão, deram ao Sr. Putin um gesto para salvar a face, e agora vão esperar para ver se ele retribui fazendo o que todos os membros do G20, exceto ele, concordaram", disse o Professor John Kirton, que dirige o Grupo de Investigação do G20 na Universidade de Toronto. "E isso é sair de toda a Ucrânia".
Numa publicação no Facebook, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia, Oleg Nikolenko, disse: "A Ucrânia está grata aos parceiros que tentaram incluir palavras fortes no texto".
Ele também apresentou também uma versão editada do comunicado, reescrevendo a declaração "Houve diferentes pontos de vista e avaliações da situação" por "Relativamente à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, os membros do G20 condenaram-na inequivocamente e apelaram a Moscovo para que lhe ponha imediatamente termo".
No início da cimeira de Nova Deli, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, apelou ao consenso.
"Hoje, na qualidade de presidente do G20, a Índia apela a todo o mundo para que primeiro converta este défice de confiança global em fé, é tempo de todos nós avançarmos juntos", disse.
O argumento de Washington para apoiar a Ucrânia baseia-se nas consequências económicas significativas do conflito, disse a Casa Branca à VOA.
"A guerra na Ucrânia colocou uma enorme pressão sobre os países de baixo e médio rendimento no que diz respeito à segurança alimentar, à segurança energética, à pressão inflacionista - não se pode desconsiderar o efeito que a guerra do Sr. Putin teve na economia global", disse John Kirby, diretor de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional, à VOA, à margem da cimeira em Nova Deli.