Daviz Simango defende acção judicial contra Governo sul-africano

Daviz Simango

Presidente do MDM acusa Executivo moçambicano de cumplicidade na onda xenófoba devido a políticas socio-económicas falhadas.

O presidente do Movimento Democrático de Moçambique(MDM), terceira força politica do país, exigiu uma acção judicial do Governo moçambicano contra o Estado sul-africano e os autores da violência xenófoba que afecta estrangeiros naquele país.

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África do Sul deve ser alvo de acção judicial depois de ataques contra moçambicanos, afirma MDM

Daviz Simango, que acusa o Governo moçambicano de cumplicidade na onda xenófoba devido a politicas socio-económicas falhadas, o que empurra vários moçambicanos a se emigrarem, disse que o Governo precisa comissionar advogados para defender a indemnização das vitimas e processar os autores dos actos bárbaros contra estrangeiros na África do sul.

“O primeiro grande culpado é o Governo de Moçambique que não criou oportunidade de emprego aos moçambicanos”, declarou Simango, que acrescentou: “a minha grande preocupação é que não vejo advogados contratados pelo Estado moçambicano para processar as autoridades, não vejo advogados contratados para processar criminalmente os assassinos”.

O também autarca da Beira, no centro de Moçambique, classificou os ataques da xenofobia de violação dos direitos humanos e um acto de “ingratidão” por parte dos sul-africanos, que se refugiaram em Moçambique durante a luta contra o apartheid. Ele considerou a xenofobia mais cruel que a segregação racial.

Desde que os ataques contra estrangeiros eclodiram na África do Sul, há cerca de duas semanas, estima-se que mais de 600 moçambicanos refugiram-se em centros de acomodação temporária em Durban e Joanesburgo, dos quais a maioria já regressou a Moçambique.

Activistas da sociedade civil em Moçambique, que promoveram duas marchas na capital Maputo, entregaram à Embaixada da África do Sul uma carta de repúdio e manifestaram igualmente preocupação com o silêncio da acção judicial do Governo moçambicano.

Para fugir dos altos índices de pobreza em Moçambique, a população, principalmente a mais jovem das zonas rurais do sul do país, emigra ilegalmente para a Africa do Sul à procura de melhores condições de vida no país vizinho e uma das economias mais avançadas de África.

A vaga de violência teve início após declarações atribuídas ao rei zulu, Goodwill Zwelithini, convidando os estrangeiros a fazer as malas e a partir, apesar de, no auge da crise, vir dizer que tinha sido mal interpretado.

“O acto de xenofobia é intolerável e inadmissível”, concluiu Daviz Simango.