As vendedoras ambulantes, conhecidas por zungueiras em Luanda, são constantemente atacadas e agredidas por fiscais e polícias.
Mais recentemente, uma delas foi atropelada quando fugia dos fiscais, tendo a Polícia Nacional negado qualquer envolvimento na tragédia.
A “vida difícil” das zungueiras agora está num jogo de vídeo, denominado "Zungueira Run” (A fuga das zungueiras), produzido por uma empresa angolana
O videogame já está disponível na Google Play Store.
As zungueiras são obrigadas a ir às ruas vender produtos para garantirem o sustento dos filhos, colocá-los na escola e garantir a sobrevivência da família.
O problema aumenta de intensidade quando os mercados indicados pelas autoridades para a actividade comercial não respondem às necessidades das zungueiras.
“É que não dão lucro”, como explica o sociólogo Rafael Aguiar.
“Cada pessoa toma as decisões que achar que lhes dá mais vantagens, mas apesar de muitas vezes serem espancadas e ver colegas mortas, enquanto tiverem mais lucro a vender nas ruas, elas não não vão desistir”, justifica Aguiar.
Aquele sociólogo, que é também professor universitário, afirma que o fenómeno deixará de existir quando houver mais emprego e as vendedeiras conseguirem garantir o sustento da família.
“Quando as filhas e os filhos destas senhoras tiverem emprego para ajudarem em casa, as senhoras vão deixar de ir para as ruas, quando os maridos conseguirem bons empregos para ajudarem em casa, essas senhoras vão parar de ir para ruas”, completou Rafael Aguiar.
Quem também defende a melhoria das condições básicas das populações para que as vendedoras ambulantes evitem se expôr ao risco é o psicólogo Januário Domingos.
Para ele, “correr atrás delas sem criar mecanismos alternativos não lhes tiram da rua e vão preferir aguentar o barulho”, disse.
Relatórios internacionais condenaram várias vezes o que chamam de violência policial contra "zungueiras" em Angola.