Políticos na oposição dizem que em Angola não há combate a corrupção enquanto não forem investigadas as empresas ligadas ao próprio MPLA.
O deputado da UNITA Joaquim Nafoia disse que "o epicentro da corrupção em Angola, o cancro, a placa giratória da corrupção é a GEFI” - Sociedade de Gestão e Participações Financeiras, ligada ao partido no poder.
“Todos os actos de roubo, de corrupção de saque do dinheiro público passam pela GEFI, não há nenhuma empresa estratégica no país, sem ligação à GEFI” disse Nafoia, que acrescentou que “enquanto ela não for devidamente investigada por uma comissão parlamentar independente ou processo judicial sério e credível não há combate à corrupção em Angola".
O parlamentar do Galo Negro diz estar nesta altura a decorrer uma investigação do seu partido para se apurar os meandros da corrupção no país, e diz que o que ocorre hoje com julgamentos mediáticos não passa de estratégia eleitoral.
"Isso de julgar Zenu Dos Santos, Joaquim Sebastião, Kopelipa, General Dino, Rabelais e mesmo o próprio Manuel Vicente é para branquear a imagem do regime porque o essencial não está a ser mexido. Tudo tem que passar por uma investigação à GEFI", disse.
"Não há nada estratégico importante no país sem passar por esta GEFI, nenhum banco comercial em Angola funciona sem ligações a este conglomerado do partido do regime, os investidores que chegam ao país antes de começarem em qualquer ramo passam pela GEFI e esta é que orienta com quem devem estabelecer negócios", disse.
Um outro deputado mas independente, Makuta Nkondo, diz que não acredita que alguém ligado à corrupção possa combater-se a si mesmo.
"O exemplo vem de cima, não podemos dizer que o casal presidencial seja exactamente pobre, o próprio Presidente também comia com José Eduardo dos Santos e os eduardistas que ele hoje acusa de corruptos eram colegas”, disse Nkondo para quem mesmo os actuais colaboradores do actual Presidente não têm “ficha limpa”.
O economista ligado ao PRS, Sapalo António, é da mesma opinião afirmando que entende que nenhum corrupto vai combater-se a si mesmo.
A VOA tentou contactar algumas figuras ligadas ao MPLA entre deputados, professores universitários e empresários mas não fomos atendidos para falarem sobre este assunto.