Os talibãs rejeitaram neste domingo, 17, um apelo do Presidente afegão Ashraf Ghani para prolongar um inédito cessar-fogo por ocasião do fim do Ramadão, frustrando as esperanças de uma população esgotada por décadas de conflito.
"O cessar-fogo termina nesta noite e retomaremos as nossas operações se Deus quiser. Não temos a menor intenção de prolongar o cessar-fogo", declarou o porta-voz talibã Zabihullah Mujahid em mensagem enviada à AFP.
O Presidente Ashraf Ghani havia anunciado no sábado que estenderia o cessar-fogo e pediu aos talibãs para fazerem o mesmo.
O porta-voz talibã não fez nenhuma referência directa ao pedido de Ghani, que havia recebido apoio da comunidade internacional.
A missão da NATO no Afeganistão e as forças americanas afirmaram que respeitariam o anúncio de ampliação do cessar-fogo feito por Ghani. A União Europeia (UE) chamou a medida de trégua "histórica".
O Presidente afegão também indicou que 46 prisioneiros talibãs foram libertados, uma tendência que deve prosseguir, nas palavas de Ghani.
Esse foi o primeiro cessar-fogo formal de escala nacional desde a invasão americana, em 2001, e o país foi tomado pela esperança de paz.
Nos últimos dias ocorreram momentos inéditos de confraternização entre os combatentes talibãs, os civis e os membros das forças de segurança.
Mas, no sábado, o ambiente foi abalado por um atentado suicida que deixou pelo menos 35 mortos entre uma multidão que celebrava a interrupção dos combates na província de Nangarhar (leste).
O ataque foi reivindicado pelo grupo extremista Estado Islâmico (EI), que não faz parte do cessar-fogo.
Neste domingo, outro ataque suicida, também no leste do Afeganistão, deixou pelo menos 14 mortos e 45 feridos. O atentado não foi reivindicado até o momento.
A explosão aconteceu do lado de fora do gabinete do governador da província de Nangarhar, indicou seu porta-voz, Attaullah Khogyani, à AFP.