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Suspeitos de atentado contra Charlie Hebdo cercados pela polícia


País respeitou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas dos atentados.

Os irmãos Chérif e Said Kouachi, suspeitos de matarem 12 pessoas no ataque terrorista ontem contra o jornal semanal “Charlie Hebdo”, estão cercados numa casa na cidade de Crépy-en-Valois, a cerca de 60 quilómetros de Paris, no Norte da França.

A informação é da imprensa francesa no dia em que o país está de luto e a Nação respeitou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas do atentado.

Enquanto a polícia realiza uma megaoperação para encontrar os atiradores, numa zona de 20 km² em torno de um posto de gasolina, sete pessoas foram detidas em ligação com as investigações. Por outro lado, uma agente da policia foi morta numa troca de tiros no Sul da capital francesa, elevando ainda mais as tensões na França. Entretanto, este último caso, aparentemente, não tem nada a ver com os atentados de ontem.

As autoridades declaram hoje dia de luto nacional e a bandeira nacional esteve a meia haste nos edifícios públicos. Às 12 horas locais, o país respeitou um minuto de silêncio em homenagem às vítimas da publicação satírica, Charlie Hebdo, alvo de dois atentados em pouco mais de três anos.

Crépy-en-Valois está localizada no distrito de Oise, vizinho a Aisne, perto da fronteira com a Bélgica, onde os irmãos Kouachi foram reconhecidos mais cedo pelo gerente do posto de gasolina Relais de Moulins na cidade de Villers-Cotterets. O homem disse que os suspeitos estavam fortemente armados com fuzis e lançadores de granada, e teriam roubado alimentos e gasolina no posto. Toda a polícia da região foi mobilizada e outras unidades enviadas para o local.

Um terceiro jovem relacionado ao atentado entregou-se à polícia ontem à noite. Hamyd Mourad, de 18 anos, suspeito de ter dirigido o carro no qual os dois atiradores fugiram, apresentou-se a uma esquadra em Charleville-Mézères, depois de ver seu nome nas redes sociais. Ele disse, entretanto, que estava na escola e a polícia está a investigar.

Além de Mourad, cunhado de um dos suspeitos, uma segunda pessoa teria sido detida em Charleville-Mézière, outras quatro em Reims e uma em Genevilliers. Há homens e mulheres no grupo.

Em entrevista à rádio francesa RTL hoje, o primeiro-ministro Manuel Valls disse que os dois suspeitos eram conhecidos dos serviços de inteligência. Descreveu a sua actuação como soldados. Agora, disse ele, a França enfrenta uma ameaça terrorista sem precedentes.

Chérif Kouachi, de 32 anos, conhecido como Abu Issen, era seguido pela polícia desde 2008, quando foi condenado a três anos de prisão por pertencer a uma célula de recrutamento de radicais islamitas. Tanto ele como o seu irmão Said, de 34 anos, nasceram na França.

Entre 25 de Maio e 11 de Outubro de 2010, Chérif foi novamente detido por suspeita de participação no projecto de fuga da prisão de um dos cérebros da vaga de atentados de 1995, o argelino Smaïn Ait Ali Belkacem.

O Ministério do Interior informou que a identificação foi possível porque os suspeitos deixaram o documento de identidade de Said num dos carros usados para a fuga.

As medidas de segurança foram reforçadas ao máximo em Paris e nas principais cidades francesas. Na capital, 400 policiais e soldados foram deslocados para incrementar a vigilância em centros públicos e edifícios turísticos.

Provocador e de extrema-esquerda, “Charlie Hebdo” é alvo de críticas por suas caricaturas, reportagens e piadas polémicas. O jornal já sofreu graves consequências devido às suas críticas ácidas ao Islão. A sua sede foi alvo de um incêndio criminoso em Novembro de 2011, após a publicação de uma imagem do profeta Maomé .

Entre os 12 mortos do ataque estão o director do “Charlie Hebdo”, Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb, e alguns dos caricaturistas mais famosos da França: Georges Wolinski, Jean Cabut e Bernard Verlhac, que assinava como Tignous.

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