A Missão de Transição da União Africana na Somália retomou, no domingo, 17, a transferência de responsabilidades de segurança às forças do governo somali, após uma pausa de três meses, disseram as autoridades.
Conhecida como ATMIS, a missão entregou o controlo de segurança da Casa do Estado – também conhecida como Villa Somália – onde o presidente Mohammed Hassan Sheikh Mohamud reside e trabalha. Além disso, as tropas transferiram as responsabilidades do edifício do parlamento, que não fica longe do palácio presidencial.
Juntamente com as forças somalis, as forças da UA têm assegurado locais estratégicos na capital, incluindo o palácio, o edifício do parlamento, o aeroporto e o porto marítimo, desde 2007.
As forças somalis assumem agora a responsabilidade exclusiva pelos principais assentos dos ramos executivo e legislativo do governo.
Numa entrevista à VOA Somali, o enviado da UA à Somália e chefe do ATMIS, Mohamed El-Amine Souef, confirmou a retomada da retirada.
“Vamos entregar a Casa do Estado, a Villa Somália e o parlamento, o que é uma grande conquista e um bom sinal, do FGS [Governo Federal da Somália] aos parceiros internacionais de que estão prontos para assumir a sua responsabilidade, e as restantes FOBs [Bases Operacionais Avançadas] seguirão até 31 de dezembro”, disse.
Ele disse que a missão retirará três mil soldados até o dia 31.
Forças suficientes
A missão transferirá responsabilidades por 10 bases nesta fase.
Hussein Sheikh-Ali, conselheiro de segurança nacional do presidente da Somália, confirmou a transferência do palácio para o exército e a polícia somalis, e agradeceu às forças ugandesas que o têm protegido nos últimos 16 anos.
A primeira fase da retirada da UA foi concluída, em Junho, quando dois mil soldados deixaram a Somália.
Em Setembro, o governo somali solicitou uma “pausa técnica” de 90 dias na retirada, após reveses militares decorrentes da ofensiva das regiões centrais contra os militantes da Al-Shabab que lutam contra o governo desde 2007. Os militantes pretendem estabelecer um governo baseado na sua interpretação da Sharia, ou lei islâmica.
Uma reunião realizada em Nova Iorque, na semana passada, aprovou o plano de desenvolvimento do setor de segurança da Somália, que inclui a necessidade de uma força terrestre de até 30.000 homens, uma força policial de 40.000 homens a nível federal e regional, e 8.500 alocados ao sistema prisional.
“Alcançamos o número necessário, mas é necessária uma reforma completa para garantir que o número e a qualidade correspondam, a fim de termos um exército profissional que possa assumir a responsabilidade do ATMIS”, disse Ali à VOA, na semana passada.
Apoio vai continuar
Souef diz que as autoridades somalis geraram forças com o apoio dos seus parceiros internacionais, incluindo a Etiópia e o Uganda, que já possuem tropas como parte do ATMIS; mas também outros como a Eritreia, o Egipto, a Turquia, o Reino Unido, os Emirados Árabes Unidos, os Estados Unidos e a União Europeia.
A missão original da UA, a AMISOM, transitou para ATMIS, em Abril do ano passado, depois de o governo somali e a UA terem concordado com a atual redução.
A missão ATMIS deverá entregar responsabilidades às autoridades somalis até ao final do próximo ano.
Souef diz que isso não significa o fim do apoio da UA à Somália.
“Agora estamos numa missão de transição, mas iremos para outra transição, porque a UA é obrigada a apoiar os somalis até 1 de Janeiro de 2025, estabelecendo uma nova missão com um novo mandato”, disse.
Ele afirmou que outro impulso recebido pelo governo somali foi o recente levantamento do embargo de armas.
“Agora, o governo da Somália tem a capacidade e a possibilidade de adquirir as armas necessárias, o equipamento e as munições apropriados, de modo que estarão numa boa posição para lutar contra o inimigo, por isso penso que têm a capacidade”, acrescentou.
Quando questionado se as autoridades somalis estão prontas desta vez para assumir responsabilidades, Souef disse que “acho que eles estão prontos, porque diz-se que onde há vontade, há um caminho”.
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