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Sinais de redução de tráfico humano nos Camarões


No meio da pobreza as mulheres e crianças são facilmente enganadas com promessas de uma vida melhor.

O tráfico de seres humanos e o trabalho infantil regista uma redução nos Camarões depois de o governo iniciar a aplicação de leis duras contra os perpetradores, revela um novo relatório da Rede de Mulheres Camaronesas. Segundo o relatório, a rede registou, em 1990, 275 casos, e agora está a gerir 150. O documento aponta uma dificuldade: seguir o rasto das jovens que foram enviadas à Europa pelos traficantes.

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A jurista Prudence Galega, assessora técnica do Ministério camaronês do Ambiente, pensa que a redução de casos é, em larga medida, influenciada pelo facto de as mulheres sentirem-se capazes de denunciar casos de abuso e violência.

Para ela, a Conferencia Mundial da Mulher, realizada em Beijing, em 1995, ajudou a criar essa determinação de lutar pela igualdade de direitos e oportunidades.

A conferência, diz ela, “despertou nas mulheres a consciência de que podem ser agentes de mudança nas suas comunidades se suas vozes serem ouvidas”.

Foi com base na declaração de Beijing que Camarões criou as leis que defendem os direitos da mulher.

A jurista Galega diz que hoje muitos casos de violação de direitos da mulher e criança são julgados, incluindo os que envolvem funcionários seniores do Governo.

Mas os activistas opinam que há ainda muito por fazer. A organização de caridade GlobalGiving, baseada nos Estados Unidos, estima que 2.4 milhões de crianças camaronesas ainda trabalham ilegalmente em casas de ricos para ajudar as suas famílias.

Outros afirmam que no meio da pobreza as vítimas são facilmente enganadas com promessas de uma vida melhor.

Nadege Ngeh, de 28 anos de idade, foi vítima de exploração e não quer ver outras jovens na mesma situação.

Ngeh aposta na sensibilização sobre os direitos da rapariga: “Digo-lhes (raparigas) que não devem deixar a sociedade ditar o que devem ser. É preciso ter auto-estima. Só assim é que podemos ser capazes de mudar o mundo. Se não fizermos isso, onde iremos terminar?”, explica

Com apenas oito anos, Ngeh foi forçada a trabalhar como empregada doméstica na casa de um influente funcionário do Estado, em Yaondé, a capital camaronesa. Em troca, a família dela teve a promessa de receber mensalmente o equivalente a 20 dólares americanos.

Após escapar da exploração, Ngeh fez estudos com ajuda da Rede de Mulheres Camaronesas, que trabalha na defesa dos direitos da mulher há 25 anos.

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