O antigo presidente da UNITA, Isaías Samakuva, pediu ao Presidente da República nesta segunda-feira, 26, que dialogue com a direcção do principal partido da oposição, depois dos incidentes do passado sábado, quando a polícia impediu uma manifestação contra o desemprego e a favor da marcação da data das autárquicas, prendendo mais de 100 pessoas, entre elas o líder da JURA, o braço direito do “galo negro”.
“Pedi ao Presidente da República que procurasse contactar a direcção da UNITA directamente, é importante que se esclareçam algumas situações", revelou Samakuva aos jornalistas, a quem confirmou ter pedido a libertação dos detidos.
O antigo líder da UNITA reforçou a necessidade do diálogo para também resolver “aquelas questões que parecem ser polémicas, como a questão das autarquias, por exemplo.
Para ele é importante que “todas as pessoas saibam de facto o que é que se pretende fazer".
No momento em que João Lourenço, que não fez quaisquer declarações à imprensa, recebia Isaías Samakuva, os detidos no sábado aguardavam pelo julgamento sumário no Tribunal Provincial de Luanda.
No sábado, a Polícia Nacional (PN) reprimiu a manifestação com centenas de agentes da Brigada Rápida de Intervenção, cavalaria e da unidade canina por considerar que violava o decreto presidencial que impõe um limite à aglomeração de pessoas e outras restrições.
O secretário de Estado do Interior, Salvador Rodrigues, e a governadora da Luanda, Joana Lima, fizeram declarações musculadas em defesa da actuação da polícia.
Por seu lado, o presidente da UNITA, principal partido da oposição, exigiu a libertação imediata dos "presos de consciência" e acusou o Governo de ser "incapaz de respeitar a lei, mas mostra-se capaz de fazer leis de conveniência", em referência ao decreto presidencial que entrou em vigor no sábado que restringe a aglomeração de pessoas.