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Representante do SG da ONU diz não haver recursos para pagar pensões aos guerrilheiros da Renamo


Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, (esq) e presidente da Renamo, Ossufo Momade (dir), assinam cessar-fogo, na Gorongosa, 1 de Agosto de 2019
Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, (esq) e presidente da Renamo, Ossufo Momade (dir), assinam cessar-fogo, na Gorongosa, 1 de Agosto de 2019

Especialistas alertam que se este aspecto for negligenciado pode colocar em causa todo o processo de pacificação e democratização do país.

O enviado pessoal do Secretário-Geral das Nações Unidas a Moçambique, Mirko Manzoni, diz que "não há recursos" para pagar pensões a guerrilheiros desmobilizados da Renamo, enquanto especialistas alertam que se este aspecto for negligenciado pode colocar em causa todo o processo de pacificação e democratização do país.

O chamado processo de Desmobilização, Desmilitarização e Reintegração (DDR) tem registado avanços e recuos, alegadamente, por falta de dinheiro.

"Não podemos pagar pensões sem estarmos preparados e sem recursos", afirmou Manzoni, para quem, "o assunto das pensões não é fácil, assegurando, no entanto, que estão a ser feitos esforços para saber como buscar os recursos, "para que os desmobilizados sejam integrados no sistema das pensões".

Entretanto, para o sociólogo e analista político, Dinis Bila, esta é uma questão que deve ser motivo de preocupação das Nações Unidas, mas sobretudo do Governo de Moçambique porque do DDR dos antigos guerrilheiros da Renamo depende todo o esforço de pacificação e democratização em curso no país.

"Aqueles são homens que durante muito tempo lidaram com armas de guerra, e se em algum momento sentirem que as suas preocupações não estão a ser atendidas, podem partir para actos que possam colocar a paz em causa", alerta aquele analista.

Por seu turno, o economista Elcídio Bachita defende que o Governo deve fazer todos os possíveis para garantir o pagamento das pensões dos ex-guerrilheiros, para que possam viver condignamente e deixem de constituir uma ameaça à paz e aos investidores.

Aquele analista político diz que uma das causas da guerra da Renamo tinha a ver com as desigualdades sociais, pelo que "o Governo deve fazer todo o esforço possível para garantir que os ex-guerrilheiros possam receber as suas pensões, o que poderá fazer com que nunca mais pensem em voltar às matas, para desestabilizar o país".

Contudo, o jurista e analista político Ilídio de Sousa diz que tendo em conta a determinação da liderança da Renamo em implementar o DDR, isso poderá não acontecer, "porque Ossufo Momade está comprometido com a paz".

Para o professor secundário Orlando Bila "tem de haver vontade política para acabar com esta questão de pensões dos antigos guerrilheiros", avançando que "o Governo tem dinheiro para pagar salários chorudos da tabela salarial única e não compreendo como não tem dinheiro para pagar as pobres pensões dos combatentes".

Entretanto, apesar de o Presidente da Renamo, Ossufo Momade, se manifestar agastado com o "incumprimento sistemático do acordo de paz pelo Governo", no que diz respeito ao pagamento de pensões, "o partido está comprometido com o DDR".

Refira-se que, segundo a Renamo, já foram desmobilizados mais de 4.000 dos cerca de 5. 300 guerrilheiros previstos.

O processo foi considerado completo nesta segunda-feira, 19, com o encerramento da última base da antiga guerrilha, na Gorongosa, antigo quartel-geral da Renamo.

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