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Refinaria do Lobito avança sem "loucura financeira"


Especialista alerta para variações que afugentem investidores

A cidade do Lobito, na província angolana de Benguela, terá mesmo uma refinaria capaz de processar 200 mil barris de petróleo/dia, sendo 50 a 60 por cento para o país, mas com custos muito inferiores aos 12 mil milhões de dólares definidos na altura em que a Sonangol era gerida pelo antigo vice-presidente, Manuel Domingos Vicente.

O Governo angolano estuda várias propostas de investimentos, uma vez asseguradas mexidas na configuração do projecto devido ao tipo de crude disponível, mas o analista Filomeno Viera Lopes fala em incongruência quando analisa a redução para pouco menos da metade do orçamento anterior.

O Presidente da República, que esteve na segunda-feira, 20, em Benguela ‘’desatou o nó’’ do projecto que vai ajudar Angola a reduzir os custos com a importação de refinados, avaliados em 170 milhões de dólares mensais, na expectativa de que as questões contratuais estejam definidas até Março.

Na visita ao local, mais de um ano após a paralisação das obras, João Lourenço voltou a ouvir que é preciso mobilizar recursos, mas que o Estado será o accionista maioritário de um empreendimento que será erguido em cinco anos.

“Inicialmente eram quatro mil milhões de dólares e depois o valor foi crescendo. Se se pretende baixar de 12 para seis, com a mesma capacidade de produção, acho que isto cria incongruências. São necessárias infra-estruturas adequadas a isso, e uma diferença grande, tão grande pode levar ao rescalonamento da escala do projecto. Não sei se esta decisão de baixar para tanto pode ser aceite pelos investidores, até porque no mercado financeiro internacional o projecto também vai ser revisto’’, comenta Carlos Saturnino, presidente do Conselho de Administração da Sonangol.

Do economista Filomeno Viera Lopes, quadro reformado da petrolífera angolana, quisemos saber se o preço inicial não era realista.

‘’Foi concebido para tratar do petróleo mais bruto, mais difícil de tratar e, portanto, o equipamento metalúrgico é diferente. Actualmente, Angola já não produz este tipo em quantidade para alimentar a refinaria nos próximos 40 anos, por isso este escopo tem impacto no valor. Esperamos outras revisões, mas é certo que vai haver refinaria, vai haver em Cabinda e aqui no Lobito’’, assegura o Vieira Lopes.

O terminal marítimo e a estrada para cargas pesadas são duas das cinco infra-estruturas de apoio à construção da refinaria, que absorveram já cerca de 800 milhões de dólares norte-americanos.

A refinaria de Luanda atente a não mais de 20% das necessidades de uma Angola atenta ao mercado das exportações de derivados do petróleo, com realce para o gasóleo e a gasolina.

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