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Ramos-Horta diz que escolha de SG da ONU pode tornar-se uma farsa


José Ramos-Horta
José Ramos-Horta

O Nobel da Paz considera que "a entrada tardia" de Kristalina Georgieva é uma "chacota da transparência conseguida a muito custo" ao longo dos últimos meses.

O antigo Presidente timorense e Nobel da Paz José Ramos-Horta criticou a recente entrada da búlgara Kristalina Georgieva na corrida ao cargo de secretário-geral das Nações Unidas, formalmente apresentada nesta segunda-feira, 3, em Nova Iorque.

"Um processo que começou com uma transparência muito bem-vinda corre agora o risco de se tornar uma farsa", escreveu Ramos-Horta num artigo publicado no popular portal de notícias dos Estados Unidos Huffington Post.

Depois de lembrar que o processo, que vai já na sua quinta votação, passou por audiências públicas, entrevistas e debates em que os 12 candidatos iniciais participaram, Ramos-Horta revela que o mesmo "está agora a ser desfeito por acções de bastidores que apenas pretendem servir os interesses de um ou dois membros do Conselho de Segurança acima dos interesses e opiniões de quase 200 Estados membros".

Aquele antigo combatente pela independência de Timor Leste considera que "a entrada tardia" de Kristalina Georgieva na corrida é uma "chacota da transparência conseguida a muito custo" ao longo dos últimos meses.

"Os países membros estão a exigir ter palavra nesta eleição e não vão mais carimbar apenas a decisão dos cinco membros" com direito de veto, continua Ramos-Horta, lembrando que "dois terços da comunidade mundial são países pequenos e de média dimensão que ressentem as tácticas de 'bullying' dos grandes poderes, que frequentemente impõem a sua agenda e visões ao resto do mundo".

Defesa de Guterres

No artigo publicado neste fim-de-semana, o Nobel da Paz faz a defesa da candidatura do antigo primeiro-ministro português António Guterres, a quem descreve como "um líder político brilhante e honesto, além de um eloquente comunicador."

No artigo, Ramos-Horta escreve que o antigo Alto Comissário das Nações Unidos para os Refugiados impressiou a todos neste processo “com o seu domínio sem paralelo dos complexos desafios sociais e de segurança internacionais”, bem como “o seu conhecimento excepcional da sufocante máquina burocrática da ONU".

Na defesa de Guterres, o antigo Presidente de Timor Leste garantiu que ele "não é um conservador, um centrista ou um socialista”.

Para Ramos-Horta, o antigo primeiro-ministro português “é uma pessoa altamente espiritual e, acima de tudo, um humanista” e concluiu que “é o melhor candidato para substituir Ban Ki-moon".

A próxima votação para o cargo de secretário-geral da ONU é na quarta-feira, 5, e nela os cinco membros não permanentes do Cpnselho de Segurança podem exercídio de veto.

Entretanto, ao apresentar a sua candidatura nesta segunda-feira, a candidata búlgara Kristalina Georgieva disse que, se for eleita, trabalhará com "independência e integridade" e com um "foco implacável em resultados", caracterizando-se como alguém que consegue "fazer as coisas acontecer".

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