Os presidentes russo, Vladimir Putin, e chinês, Xi Jinping, assinaram nesta terça-feira, 21, uma nova parceria estratégica entre Moscovo e Pequim e pediram uma solução diplomática para a guerra da Rússia contra a Ucrânia, enquanto Putin dizia não ver nenhuma indicação de que o Governo de Kyiv e seus aliados ocidentais estejam prontos para conversas que levem à paz.
Após dois dias de conversas com Xi no Kremlin, Putin acusou os Estados Unidos e os países ocidentais de lutarem “até o último ucraniano”, mas elogiou o que disse ser a “posição neutra” da China na guerra.
O Ministério das Relações Exteriores da China disse em comunicado que Pequim e Moscovo acreditam que a Carta das Nações Unidas “deve ser observada e o direito internacional deve ser respeitado”, mas não fez nenhuma exigência para que a Rússia retire suas tropas da Ucrânia ou honre as fronteiras internacionalmente reconhecidas da Ucrânia.
Por seu lado, Vladimir Putin chamou suas conversas com Xi de “abertas e amigáveis” e destinadas a consolidar a parceria “sem limites”, acordada no início de 2022, menos de três semanas antes da Rússia invadir a Ucrânia.
A China propôs recentemente um plano de 12 pontos visando um eventual cessar-fogo na Ucrânia, mas os países ocidentais o rejeitaram por reconhecer a anexação ilegal por Moscovo da Península da Crimeia da Ucrânia em 2014 e do território tomado no leste da Ucrânia desde a invasão em Fevereiro de 2022.
O Presidente russo, entretanto, disse acreditar “que muitas das disposições do plano de paz apresentado pela China estão em consonância com as abordagens russas e podem ser tomadas como base para um acordo pacífico quando estiverem prontos para isso no Ocidente e em Kyiv”.
”No entanto, até agora, não vemos tal prontidão da parte deles”, conclui Putin.
Em Kiev, o Governo recebeu com satisfação a abertura diplomática de Pequim, mas diz que a Rússia deve primeiro retirar suas tropas da Ucrânia.
A série de documentos assinados por Putin e Xi defende uma "cooperação estratégica" entre os dois países, incluindo um gasoduto planeado para transportar gás natural russo para a China.
"Estou convencido de que a nossa cooperação multifacetada continuará a se desenvolver para o bem dos povos dos nossos países", disse Putin em comentários transmitidos pela televisão público, reiterando que Moscovo está pronto para ajudar empresas chinesas a substituir empresas ocidentais que deixaram a Rússia em protesto contra a invasão da Ucrânia.
Xi, por seu lado, informou ter convidado Putin para visitar Pequim ainda neste ano.
A visita de três dias do Presidente chinês Moscovo dá a Xi e Putin uma demonstração pública de parceria na oposição ao que ambos veem como o domínio americano dos assuntos globais.
Estados Unidos criticam plano de paz de Pequim
A crescente aliança também facilita acordos económicos, como remessas de petróleo e gás natural russo para a China, no momento em que os EUA e seus aliados ocidentais impuseram sanções generalizadas para restringir as transações comerciais estrangeiras da Rússia em retaliação à invasão da Ucrânia.
Em Washington, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse a repórteres na segunda-feira que qualquer proposta para a Ucrânia que permita as forças russas a permanecerem no país apenas fará com que Moscovo recupere forças para continuar sua ofensiva.
"Pedir um cessar-fogo que não inclua a remoção das forças russas do território ucraniano seria efectivamente apoiar a ratificação da conquista russa", reiterou Blinken.
Por seu turno, antes dos encontros, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, pediu a Xi "que pressionasse o presidente Putin diretamente sobre a necessidade de respeitar a soberania e a integridade territorial da Ucrânia".
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