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"Quo vadis" a luta contra a corrupção em Angola


Tomada de posse de João Lourenço, Presidente de Angola. Ao seu lado a primeira-dama, Ana Dias Lourenço
Tomada de posse de João Lourenço, Presidente de Angola. Ao seu lado a primeira-dama, Ana Dias Lourenço

Analistas duvidam que combate à corrupção terá sucesso e apontam recondução de pessoas acusadas de corrupção no novo Governo

Uma das divisas do primeiro mandato do Presidente angolano foi o combate à corrupção e nesse período foram parar as barras da justiça algumas individualidades ligadas ao consulado do antigo Chefe de Estado, José Eduardo dos Santos.

No primeiro mandato de João Lourenço iniciado em 2017, foram parar ao banco dos réus alguns nomes do poder como José Filomeno “Zenu” dos Santos, filho do antigo Presidente da República, José Eduardo dos Santos,Augusto Tomás, ex ministro dos transportes, Valter Filipe, antigo governador do BNA, todos próximos do antigo Chefe de Estado.

Analistas ouvidos pela VOA não colocam muita fé nesse combate neste segundo mandato, apesar as promessas de Lourenço.

Aleixo Sobrinho membro do Instituto para o Desenvolvimento e Democracia mencionou o recente comunicado do Bureau Político do partido no poder como um indicador de que não se poderá esperar nada de extraordinário neste âmbito.

Para ele, o facto do partido governante querer resolver os problemas do país sozinho sinaliza fracasso deste combate a corrupção.

"Os verdadeiros corruptos trabalham junto do titular do poder executivo, o todo-poderoso senhor João Lourenço, os maiores delapidadores do erário público, os principais causadores deste mal que é a corrupção estão lá no Governo, como é que se pode esperar novidade neste combate”, pergunta.

"Mal não combate mal"

O jurista Pedro Caparakata entende ser quase impossível o mal combater o próprio mal.

"Eles ja declararam publicamente que não são pobres, então deviam primeiro declarar os seus bens para sabermos de onde vem essa riqueza, dos seus pais de certeza que não, é so olhar que a pilhagem e o saque da coisa pública continua, não parou, e utilizam todos os canais possíveis porque eles continuam a ocupar os lugares de destaque no aparelho governativo", afirma.

Por seu lado, o presidente da Associação Justiça Paz e Democracia diz que o projecto de combater a corrupção em Angola acabou com indicadores do seu próprio mentor.

"Quando o Presidente da República teve conhecimento de denúncias públicas contra os seus colaboradores directos, como Edeltrudes Costa, director do seu gabinete, o homem que gere os segredos do Presidente, contra o ministro da Energia e Águas e o Presidente não os colocou à disposição da justiça, pelo contrário os protegeu e ainda os reconduziu no Governo diz tudo sobre o combate à corrupção”, sinaliza Serra Bango para quem ,”o que vai ocorrer serão discursos de intenção diplomaticamente correctos, para vender uma imagem de bom governo internacionalmente".

Quem também vê com cepticismo estas medidas de erradicação da corrupção é o jurista e jornalista William Tonet.

"Como é possível combater-se a corrupção com magistrados corruptos, como vai combater corrupção com instrutores corruptos, com procuradores corruptos? Não é possível combater este mal tendo magistrados tanto do Ministério Público, como judiciais que são ao mesmo tempo empresários, não é viável", conclui Tonet.

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