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"Estou sem palavras" diz professora ao comparar o salário dela com o de um deputado angolano


Greve continua do Ensino Geral
Greve continua do Ensino Geral

Enquanto um parlamentar aufere mais de um milhão de kwanzas, um docente primário recebe 47 mil kwanzas

Um deputado angolano ganha 22 vezes mais do que um professor do Ensino Primário auxiliar do 6º escalão.

Uma realidade que, segundo professores e alguns observadores, está na origem da greve nacional de professores daquele nível de ensino em curso desde segunda-feira, 9.

A VOA conversou com alguns deputados que, sem gravar entrevista, lamentaram o facto de os docentes receberam apenas 49 mil kwanzas por mês.

Quanto ganhamos professores - 2:48
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Professores dizem que trabalham sem ânimo algum porque o salário não chega para quase nada.

O salário básico do deputado é de 497 mil kwanzas, mas com os subsídios chega a 1.098 mil kwanzas, além de ter direito a assistência médica, subsídios de renda de casa, bilhetes de viagens, duas viaturas, subsídio de instalação e salário durante seis meses após o término da legislatura.

As mesmas regalias têm os juízes, procuradores e generais no activo.

Entretanto, do outro lado, os professores do Ensino Primário angolanos auferem um salário de 49 mil kwanzas, tendo muitos deles licenciatura.

Outros chegam a ganhar 73 mil kwanzas como diz Garrido Manuel Rola, professor do II Ciclo de Ensino Secundário Diplomado do 6º escalão, que lecciona Língua Portuguesa na província do Bengo.

“Eu ganho 73 mil kwanzas mas não chegam para nada porque vivo em Luanda e tenho que ir dar aulas no Bengo, ou seja tenho que pagar táxi e alimentação, por isso não consigo sustentar a família”, disse Rola.

Outra professora, Rita Damião do Ensino Primário Auxiliar do 6º Escalão, tem um salário de 49 mil kwanzas e lamenta a condição em que os docentes se encontram.

“Estou sem palavras, devo dizer que isso nem é salario, é um estimulo que não serve para nada”, sublinhou.

Professores do Ensino Geral começaram na segunda-feira, 9, uma greve com duração de 15 dias para exigir do Governo o cumprimento do caderno reivindicativo entregue pelo sindicato da categoria desde 2013.

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