O primeiro-ministro do Líbano, Mustapha Adib, renunciou ao cargo neste sábado, 26, um mês após ter sido empossado no lugar de Hassan Diab, que apresentou a sua demissão, juntamente com o seu Governo, após as explosões no Porto de Beirute que deixaram cerca de 200 pessoas mortas e milhares feridas.
Ele justificou a sua decisão com o fato de o Executivo que ele queria formar estar "destinado a fracassar".
"À medida que os esforços para formar um Governo chegavam às últimas etapas, ficou evidente que não existia um consenso pelo qual esperava e pelo qual aceitei esta missão nacional nestas difíceis circunstâncias da História do Líbano", afirmou numa mensagem ao país.
Adib, que pretendia formar um Governo de tecnocrata e especialistas para, segundo ele “resgatar o país”, que se encontra numa grave crise política e económica, acrescida das consequências humans e financeiras da explosão de agosto, esbarrou com a intenção dos principais grupos xiitas, o Hezbollah e o Amal, que insistiam em manter o controlo do Ministério das Finanças, cujo papel é crucial na definição do plano de recuperação económica.
"Inferno" à vista, alerta o Presidente
Aqueles grupos também insistiram em nomear os ministros xiitas e se opuseram à proposta de Adib, que não os consultou para o efeito.
"Estava muito otimista, sabendo que os pormenores específicos tinham sido acordados pelos principais partidos no Parlamento e que estes se tinham comprometido com o Presidente francês, Emmanuel Macron, o autor da iniciativa de um possível resgate internacional para o país", lamentou o agora antigo primeiro-ministro.
Ele voltou a defender o plano de Macron que lançou uma conferência internacional para obter fundos financeiros para apoiar o país.
A renúncia de Adib surge dias depois de o Presidente ter alertado que o país iria para o "inferno" caso não fosse constituído rapidamente um novo Governo.
Michel Aoun criticou o Hezbollah e o Amal, seus aliados políticos, por insistirem em manter a pasta do Ministério das Finanças em qualquer novo Executivo, mas apontou responsabilidades a Mustapha Adib por tentar impor nomes para o Governo sem contatar aqueles grupos.